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PF centraliza no DF apuração contra político

Acordo com o STF direcionou à corregedoria de Brasília os inquéritos contra deputados, senadores e ministros

Prática revelada agora entrou em vigor em 2010 sob o argumento de que era preciso dar rapidez às investigações

FERNANDO MELLO
FELIPE SELIGMAN
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

Em um sinal de reconhecimento da morosidade das investigações criminais sobre políticos, as cúpulas da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal fizeram um acordo para que todos os inquéritos que envolvam deputados, senadores e ministros sejam centralizados na Corregedoria da PF, em Brasília.

A centralização das investigações foi idealizada no fim de 2008 pelo então diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, e o então presidente do STF, Gilmar Mendes.

Naquele momento, em meio à polêmica da Operação Satiagraha (que levou à prisão do banqueiro Daniel Dantas), Mendes criticou o que chamou de "espetacularização" das operações policiais.

O acordo, agora revelado pela Folha, foi acertado sem mudanças na legislação e entrou em prática em 2010. Ele consta de documentos inéditos que integram os 258 processos sobre autoridades com foro privilegiado no Supremo.

A reportagem mostrou no último domingo que erros e omissões de Ministério Público, Justiça e policiais levam à impunidade de políticos.

A PF informou a parceria a seus delegados em mensagem às superintendências estaduais: "Doravante todos os inquéritos oriundos daquele tribunal [STF] deverão ser analisados por autoridade desta Corregedoria especialmente designada para tanto".

Segundo o Supremo e a PF, a parceria é uma tentativa de acelerar as investigações, evitando ida e volta dos processos para os Estados dos políticos investigados.

Antes do acordo, os inquéritos, que são instruídos por um ministro do Supremo, eram repassados às sedes da PF nos Estados.

A assessoria de Gilmar Mendes afirmou que as mudanças tiveram "êxito significativo". "As modificações reformularam completamente a tramitação das ações penais, simplificando atos rotineiros, como intimações, notificações e produções de prova, que antes levavam anos."

Segundo a PF, desde 2010, tem aumentado o número de inquéritos concluídos.

O delegado Marcos Leôncio Ribeiro, da Associação Nacional dos Delegados da PF, que tem 2.000 filiados, disse que a Corregedoria "já está sem fôlego" para cumprir o acordo. "A PF tem feito várias tentativas para acelerar esses casos, mas o problema continua."

Wálter Maierovitch, juiz aposentado e ex-secretário nacional Anti-Drogas, disse que o acordo STF-PF "é uma péssima medida", pois concentra poder e pode influir na qualidade da investigação. "O investigador mais habilitado é o que está mais próximo do local do crime."

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