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Em ato raro, Alckmin dá bronca pública em equipe por ignorar suas ordens

Governador de SP lançou programa para corte de gastos em secretarias, mas muitas nem indicaram servidores para função

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

Conhecido pelo temperamento tranquilo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se irritou ontem com sua equipe de governo e usou discurso em evento oficial para dar uma bronca pública e generalizada nos subordinados.

O estopim para o rompante do governador foi a baixa adesão de secretários, chefes de autarquias e coordenadorias do governo a programa idealizado por ele para cortar gastos da máquina pública.

Em reunião com todo secretariado no início deste ano, o governador ordenou que comandantes de todas as estruturas do governo paulista nomeassem um "guardião da economia", servidor que deveria se dedicar a mapear e reduzir gastos com energia elétrica, água e telefone.

Alckmin marcou o lançamento do programa e a apresentação dos guardiões da economia para evento na manhã de ontem, no Palácio dos Bandeirantes.

O governador pretendia ser apresentado aos servidores que desempenhariam a função e levou até um tradicional caderninho, em que anota sugestões em reuniões que considera importantes.

Ao chegar ao evento, Alckmin se deparou com uma série de cadeiras vazias. Passados os cumprimentos de praxe a uma breve introdução, deu início à reprimenda: "Se nós fizéssemos uma reunião para gastar, estaria lotado. Mas como é para cortar gastos, nem os secretários vieram. É lamentável".

CHAMADA ORAL

Alckmin continuou a bronca, dizendo que havia descaso com o dinheiro público.

"Isso aqui é sério. As pessoas acham que recurso público é abstrato. E não é. Ele é extremamente real. É fruto do esforço da dona Maria que mora na favela e paga 40% de imposto para comprar uma bicicleta", disse.

Alckmin, então, solicitou a relação dos guardiões nomeados e começou uma chamada oral, nome por nome, para descobrir os ausentes. Viu que algumas pastas nem sequer tinham nomeado servidor para a função.

"Quem não veio nem na reunião de lançamento não vai economizar nada. Liga pro secretário e manda escolher outro nome. Trocar já", ordenou, ainda no palanque.

Alguns secretários, que acompanhavam o evento, passaram por saia justa. O de Fazenda, Andrea Calabi, ouviu uma bronca porque seu "guardião" não apareceu.

José Aníbal, de Energia, também teve de escutar Alckmin reclamar que a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) não havia indicado ninguém.

O governador ainda listou abusos. "Numa penitenciária feminina, aqui de Santana, a conta d'água é quase R$ 1 milhão por mês. Como é que pode?", questionou.

Após o pito, secretários ausentes começaram se justificar. Jogaram a culpa na organização do evento, que não teria feito os convites.

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