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Bases atuais trocam diesel por painel solar Estações modernas na Antártida são projetadas por escritórios de arquitetura de renome e construídas por civis Detalhes da nova base brasileira não foram definidos, mas haverá licitação internacional e segurança anti-incêndio
DE BRASÍLIA Durante as próximas semanas, cientistas, burocratas do governo e oficiais da Marinha se reunirão para definir o plano de reconstrução da estação Comandante Ferraz, na Antártida. Duas certezas eles já têm: o novo complexo terá segurança reforçada contra incêndios. E não será barato. A julgar pelo estado da arte das estações polares, como a britânica Halley e a coreana Jang Bogo, a conta pode passar de R$ 50 milhões. A depender do pacote, poderá ter energia renovável, como geradores eólicos e painéis solares em vez dos geradores a diesel volumosos e poluentes onde provavelmente se originou o fogo. Poderá também ter módulos que se acoplam e desacoplam conforme a necessidade, em vez dos contêineres de metal e madeira numa estrutura só, que incluía os geradores -união que facilitou a propagação do incêndio. Essas características integram projetos de bases de outros países, projetadas por escritórios de arquitetura de renome e construídas por civis. A Marinha, que construiu Ferraz em várias ampliações a partir de 1984, já decidiu que a nova base será objeto de licitação internacional. A arquiteta Cristina Engel, da Universidade Federal do Espírito Santo, que projetou a última expansão de Ferraz, em 2005, tem um modelo: a belga Princess Elisabeth. "É meu sonho de consumo", diz. Erguida num rochedo a 220 km da costa leste do continente, a estação belga, de 2008, foi a primeira com emissão zero de CO2, movida por energia eólica e solar. "Quando levamos a proposta aos membros do Tratado da Antártida eles a acharam avançada demais e pediram que instalássemos geradores a diesel de reserva", diz Thierry Touchais, diretor-executivo da Fundação Polar Internacional, em Bruxelas. A fundação é, ela mesma, uma inovação: uma entidade privada sem fins lucrativos que construiu Princess Elisabeth com o governo belga e levanta recursos privados para a operação (parte vem da belgo-brasileira InBev). Mantê-la custa 4 milhões de euros por ano (quase o que o Brasil gasta anualmente com a logística do programa antártico), incluindo aluguel do cargueiro groenlandês que leva suprimentos e a ligação por internet de banda larga. "Os custos são reduzidos por não usarmos combustível, exceto para veículos e geradores de reserva", diz Gigi Amin, chefe da estação. Mesmo que a futura Ferraz não seja tão arrojada, os cientistas brasileiros já cantam uma vitória: o projeto será elaborado de acordo com as necessidades de pesquisa. A antiga estação era uma construção militar à qual os laboratórios foram adaptados. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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