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Cineastas defendem Comissão da Verdade

Abaixo-assinado é resposta a militares

TATHIANA BARBAR
DE SÃO PAULO

Como uma resposta ao que consideram uma ofensiva de setores militares contra a Comissão da Verdade, cineastas brasileiros decidiram lançar um abaixo-assinado em defesa dos trabalhos do órgão.

O manifesto, com a assinatura de 110 cineastas, afirma que "todos os cidadãos brasileiros têm o direito de conhecer o que foram os 21 anos de ditadura militar instaurada com o golpe de 1964".

"É preciso que a Comissão da Verdade, instituída para esclarecer fatos obscuros daquele período, em que foram cometidas graves violências institucionais, perseguições, torturas e assassinatos, tenha plenas condições e apoio da sociedade brasileira para realizar essa tarefa histórica", afirma o texto.

Entre os profissionais que assinam o manifesto a favor da comissão estão Laís Bodansky, Walter Carvalho e Luiz Carlos Barreto.

Os cineastas dizem repudiar ainda "os ataques desses setores minoritários das Forças Armadas brasileiras, que de forma alguma irão obstruir as investigações que devem ser iniciadas o quanto antes".

Em nota divulgada recentemente, militares afirmaram que a Comissão da Verdade é um "ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo".

A Comissão da Verdade foi aprovada no final do ano passado, com o objetivo de refazer a narrativa sobre as violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.

O principal tema de controvérsia serão as mortes, as torturas e os desaparecimentos ocorridos durante a ditadura militar, de 1964 a 1985.

O grupo governamental deverá identificar os responsáveis por essas violações, mas não terá o poder de puni-los.

O órgão será formado por sete conselheiros, todos indicados pela presidente Dilma Rousseff. Ela até agora deu poucos sinais de quem serão os escolhidos.

A presidente já deixou claro, porém, que não nomeará militantes de esquerda perseguidos pela ditadura nem integrantes identificados com os militares, já que o texto veda a participação de pessoas que "não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da comissão".

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