Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Empresário do jogo influiu em indicações em GO, diz juiz

Magistrado afirma que teme pela segurança de Cachoeira, que sabe "demais"

Deputado diz já ter obtido 136 assinaturas para pedir uma CPI no Congresso para investigar o caso

FERNANDO MELLO
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na semana passada pela Polícia Federal, teve influência na "nomeação de dezenas de pessoas para funções públicas no Estado de Goiás", diz despacho do juiz que decretou a prisão.

"Caberá à instrução desvendar e aclarar se Cachoeira manda de fato, ou pelo menos exerce fortíssima influência, na Secretaria de Segurança Pública", escreveu o juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da 11ª Vara Federal de Goiás.

Segundo o juiz, a "imensa teia de contatos políticos chamou bastante a atenção".

O despacho foi baseado nas apurações do Ministério Público Federal, segundo as quais Cachoeira "possui amigos, contatos e ampla penetração nos órgãos integrantes da Secretaria de Segurança Pública" de Goiás.

A Folha teve acesso a 860 páginas do inquérito da Operação Monte Carlo, onde constam telefonemas, pedidos do Ministério Público Federal e decisões da Justiça.

Deflagrada na semana passada, a operação da PF e do Ministério Público desarticulou suposta quadrilha que explorava máquinas caça-níquel. Cachoeira é considerado o chefe do grupo.

O juiz o classificou de "arquivo vivo", que corre risco de morte: "Preocupo-me bastante com a segurança" de Cachoeira, pois ele sabe "demais, desde informações de cunho político até detalhes" de "centenas de crimes".

Como a Folha revelou no sábado, as investigações apontaram que Cachoeira tinha contatos com os principais políticos de Goiás, entre os quais o governador Marconi Perillo (PSDB) e o senador Demóstenes Torres (DEM). Demóstenes disse que "não há motivos" para se defender porque tinha relação de amizade, sem vínculo com as atividades de Cachoeira.

Perillo negou envolvimento: "Temos um governo absolutamente correto, sério. Não há neste governo indício de solicitação de propina, de pedágios ou de desvio".

O advogado do empresário disse que sua prisão foi superdimensionada, pois a acusação se trata de uma contravenção, e não de um crime.

O deputado Protógenes Queiroz (PC do B) afirmou já ter 136 assinaturas para pedir uma CPI sobre Cachoeira. São necessárias 171.

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.