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Análise

Nova medida não significa real fraco a qualquer custo

CHRISTOPHER GARMAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

A decisão do Ministério da Fazenda de elevar para cinco anos o prazo para a incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre empréstimos no exterior levantou novo debate sobre a política cambial do governo.

Membros da equipe econômica e a própria presidente Dilma Rousseff têm deixado clara a preocupação com um cenário internacional caracterizado por políticas expansionistas monetárias nos EUA, na União Europeia e no Japão, que podem levar a uma nova apreciação da moeda brasileira.

Essa preocupação provavelmente influenciou a decisão do Banco Central de reduzir os juros em 0,75 ponto na semana passada e certamente significa que o governo adotará novas medidas de controle de capital para evitar o fortalecimento do real -que pode prejudicar a competitividade da indústria.

A decisão do governo de elevar o prazo de incidência do IOF, porém, surpreendeu pelo fato de ter ocorrido logo depois de o dólar ter fechado a R$ 1,78 na ultima sexta-feira (bem acima do R$ 1,69 do dia 28 de fevereiro) e somente 11 dias depois de o governo ter aumentado a incidência de dois para três anos.

CONTROLE DE CAPITAIS?

Será que essa decisão representa uma nova estratégia do governo, em que busca de uma desvalorização maior da moeda, e uma disposição de implementar medidas de controle de capital mais agressivas?

Achamos que não. Não há como negar que a preocupação dentro do governo com a competitividade da indústria tem crescido em contexto de liquidez internacional.

Entretanto, se de um lado o governo tem agido para conter a valorização da moeda, também tem deixado clara sua disposição de manter um fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) e de desenvolver um mercado de capitais doméstico.

Aliás, a preocupação com o último foi a razão de o governo ter retirado o IOF sobre investimentos externos na Bolsa, em dezembro de 2011. O imposto não só aumentou o custo de empresas brasileiras de levantar capital, mas também incentivou a emissão de ações fora do Brasil.

Tudo isso significa que, no fundo, a política cambial não mudou muito. O governo certamente adotará novas medidas se a moeda se fortalecer, mas dificilmente defenderá um único patamar cambial a todo custo.

CHRISTOPHER GARMAN é diretor para a América Latina do Eurasia Group

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