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Congressista recebeu telefone antigrampo de empresário do jogo

Investigação relata que Carlinhos Cachoeira deu aparelhos a Demóstenes Torres e a auxiliar direto de Agnelo Queiroz

Advogado de senador afirma não ter havido ilegalidade, e auxiliar de governador do DF nega ter recebido celular

FERNANDO MELLO
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Relatório do Ministério Público Federal aponta que o grupo comandado pelo empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso no mês passado, entregou telefones antigrampos para políticos.

Entre eles, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que admitiu à Folha ter recebido o aparelho, e Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que nega.

O objetivo, diz o Ministério Público, seria dificultar eventuais investigações.

A informação faz parte da Operação Monte Carlo, deflagrada no mês passado, que levou 31 pessoas à prisão por acusação de exploração de máquinas de caça-níquel.

Segundo o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o senador recebeu o rádio de Cachoeira, que havia retornado de uma viagem aos Estados Unidos. Kakay afirma que Cachoeira pediu que Demóstenes usasse esse aparelho para conversar com ele, o que ocorreu durante oito meses. "Não há nenhuma ilegalidade", diz o advogado.

GRAMPO

A Procuradoria afirma que os telefones eram distribuídos a "membros do grupo criminoso" com base em conversa captada entre Cachoeira e Idalberto Matias, o Dadá, ex-agente da Aeronáutica.

Cachoeira e Dadá falam sobre aparelhos que seriam distribuídos por Cláudio Abreu, diretor da Delta Construção e apontado como sócio oculto de Cachoeira, de acordo com a investigação.

Em entrevista à Folha, Monteiro disse que recebeu Abreu e Dadá em seu gabinete, mas para tratar dos contratos da Delta com o governo do Distrito Federal, no setor de limpeza urbana.

Segundo Monteiro, a Delta queria melhorias nas vias de acesso ao lixão utilizado pela empresa.

O chefe de gabinete negou ter ganhado o celular. "Eu tenho condições, fornecidas pelo Estado, eu não preciso que ninguém me dê celular. Acho que é ilógico."

Monteiro afirmou ainda que Dadá se apresentou como presidente de uma associação de varredores da Delta, dizendo que gostaria de um terreno para montar uma sede da associação.

O chefe de gabinete também disse que não conhece Cachoeira pessoalmente.

O relatório da Procuradoria diz que a Polícia Federal conseguiu grampear alguns dos telefones distribuídos, que eram habilitados nos Estados Unidos.

Anteontem, a Polícia Federal indiciou 82 pessoas por envolvimento na quadrilha supostamente comandada por Cachoeira.

As acusações incluem corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e evasão de divisas.

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