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Governo recua e põe sob risco acordo da Copa

Temor de derrota no Congresso faz Planalto alterar novamente projeto e retirar liberação de álcool nos estádios

Fifa terá que negociar com Estados permissão a bebidas; Cid Gomes (PSB-CE) diz que ação do governo foi 'covarde'

Sergio Lima/Folhapress
Ao lado do deputado Marco Maia (PT-RS), Dilma participa de cerimônia sobre educação rural
Ao lado do deputado Marco Maia (PT-RS), Dilma participa de cerimônia sobre educação rural

MARIA CLARA CABRAL
FILIPE COUTINHO
CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O governo recuou de novo e decidiu tentar aprovar na Câmara a Lei Geral da Copa sem a permissão explícita de bebidas alcoólicas nos estádios do Mundial e da Copa das Confederações de 2013.

Na prática, colocou o acordo com a Fifa sobre o assunto em risco poucos dias depois de o presidente da entidade sair satisfeito com as garantias que ouviu de Dilma Rousseff em Brasília.

Com medo de ser derrotado em plenário, o governo voltou à sua proposta original, que apenas suspende o artigo do Estatuto do Torcedor que proíbe a venda do álcool nos estádios durante as duas competições.

Mas não a libera explicitamente, como o texto aprovado em comissão especial na semana retrasada.

Com isso, a entidade dirigente do futebol mundial terá que negociar diretamente com os 7 dos 12 Estados-sede da Copa que vedam o consumo em suas arenas.

Se as leis estaduais não mudarem, o Brasil pode não cumprir acordo feito em 2007 com a Fifa, segundo o qual o país não imporia nenhuma restrição à venda de bebidas.

O petista Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, disse à Folha, por meio de sua assessoria, que é a favor da manutenção do veto estadual ao álcool.

Também aliado, Cid Gomes (PSB-CE) chamou de "postura de avestruz" e "covarde" a do governo, dizendo que ele simplesmente remeteu o problema aos Estados. Ele disse que tentará mudar sua lei.

Em São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) já declarou entender que o assunto deve ser debatido na esfera federal.

Já a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que o compromisso "foi assinado pelo país e pelos 12 governadores". Até o ministro Aldo Rebelo (Esportes), que havia divulgado nota dizendo que liberação explícita era um compromisso oficial, capitulou ontem.

Mas, segundo a Folha apurou, a decisão foi da assessoria jurídica do Palácio do Planalto -e não do ministro.

Segundo Jilmar Tatto (SP), líder do PT, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, a aprovação da liberação poderia levar a um conflito legal em relação à proibição dos Estados. A Fifa já afirmou que não comenta a Lei Geral da Copa enquanto ela estiver tramitando.

A decisão de ontem representa um novo recuo em relação ao que houve na semana passada.

Primeiro, o governo decidiu tirar a liberação por temer uma derrota em plenário -a bancada evangélica é contrária à bebida.

Pressionado pela necessidade de cumprir o acordo, Rebelo publicou a nota, às vésperas da chegada do presidente da Fifa, Joseph Blatter, defendendo a liberação.

Agora, o governo tentará, com a base rebelada, colocar o projeto em pauta hoje. Chinaglia, em uma de suas primeiras missões como novo líder, falhou em conseguir votá-lo ontem.

O problema foi que deputados condicionaram a discussão à análise do Código Florestal, cuja votação o governo quer adiar por temer ser derrotado.

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