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Janio de Freitas

Opostos na Cinelândia

Não é pequeno o risco de que a celebração em 29 de março tenha mais autenticidade do que todas as anteriores

O 31 DE março, fantasia adotada pelo 1º de abril da efetivação do golpe de 64, disfarça-se agora em 29 de março para desafiar, com outra data, a proibição presidencial do festejo-protesto programado para o 31, no Clube Militar de sempre, pelos inconformados com a democratização. Não é pequeno o risco de que a celebração tenha mais autenticidade do que todas as anteriores: movimentos pela apuração dos crimes da ditadura pretendem manifestar-se na tarde do mesmo dia 29, no território político que é a Cinelândia, em frente ao Clube Militar.

Em 64, os civis que, por iniciativa individual, foram se aglomerando na Cinelândia, em protesto contra o golpe, viram-se reprimidos com ferocidade por investidas da Polícia do Exército, que circundava o clube. Os mortos foram recolhidos pela PE e deles não se teve mais notícia. Mas houve tempo de ficarem para a história militar brasileira em algumas fotos. Ao menos uma foto de morte, no asfalto da avenida Rio Branco, em frente ao Clube Militar, chegou a ser publicada, apesar de omitido ser um morto.

Até agora não há notícia de nova proibição ou outra providência, de origem presidencial ou ministerial, relativa à celebração-protesto em segunda data. Para a qual há convites também a civis extremados. E dois fatores antecipáveis: a Polícia do Exército e a ideia, fácil entre os militares inativos reunidos, de não tolerar a manifestação civil na Cinelândia.

Não se encontram informações de contaminação da caserna. Isto dependeria, no entanto, do que se passe nos três próximos dias, em cada uma das partes envolvidas.

O MELHOR

Por mais razões que os empresários reunidos com Dilma Rousseff citassem para explicar o baixo investimento da indústria brasileira, a maior de todas nos setores ali representados, exceto o bancário, era uma só. Mais lhes convém fazer investimento financeiro, inclusive ou sobretudo em títulos do próprio governo, do que dar duro para extrair rentabilidade de investimentos industriais. Os que recusam tal regra são tão especiais que se tornam nomes notáveis no país.

A trabalheira e o risco são coisas do pequeno empresário de ramificações industriais secundárias.

CAÓTICO

A reação muito dura contra dirigentes e técnicos da Chevron, em represália aos possíveis erros que causaram o novo vazamento no pré-sal, também evidenciou a necessidade do governo brasileiro de tornar mais racional sua relação com as explorações.

Ocuparam-se simultaneamente com o pequeno vazamento de agora a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a Marinha de Guerra, o Ibama, o Ministério Público e até a Polícia Federal. Nenhum deu sinal de que, se ausente, faria falta. Em nenhum momento houve sinal de trabalho planejado e sob coordenação.

E ainda haverá muitos vazamentos no ataque ao pré-sal.

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