Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Procurador da República vai investigar senador do DEM Gurgel diz ver indício de crime na relação de Demóstenes com empresário do jogo Congressista, que afirma sofrer 'ataques à honra', abandonou ontem posto de líder de seu partido no Senado GABRIELA GUERREIROFELIPE SELIGMAN SIMONE IGLESIAS DE BRASÍLIA Prestes a ser investigado no STF (Supremo Tribunal Federal), acuado por seus pares e sem o apoio de seu próprio partido, o senador Demóstenes Torres (GO), um dos principais congressistas da oposição, deixou ontem a liderança do DEM no Senado. A decisão ocorreu pouco antes de a Procuradoria-Geral da República pedir abertura de inquérito no STF contra ele por ver indícios de crime em suas relações com o empresário Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob acusação de explorar jogos ilegais. "Considerei grave o suficiente para que houvesse o pedido de instauração de inquérito", disse o procurador-geral Roberto Gurgel. De acordo com as informações no site do STF, o procurador-geral quer investigar a suposta prática dos crimes de corrupção passiva, prevaricação e advocacia administrativa (quando um funcionário público patrocina interesse privado perante a administração). O pedido enviado tem 56 páginas e 16 apensos. Congressistas foram ontem à Procuradoria cobrar um posicionamento de Gurgel, que disse não ter aberto investigação antes pelo grande volume de material a ser analisado, incluindo dez meses de interceptações telefônicas. Demóstenes optou por renunciar à liderança por não ter mais condições para conduzir votações. O presidente do partido, senador José Agripino (RN), assumiu seu lugar. Abatido, Demóstenes passou o dia trancado em seu gabinete e não circulou pelos corredores do Senado. Ele procurou líderes partidários para pedir apoio político. Disse que espera o julgamento criminal pelo STF, mas fez apelos para evitar a abertura de um processo no Conselho de Ética do Senado -o que poderia acarretar a perda de seu mandato. O PSOL já anunciou que vai encaminhar representação ao conselho se o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não solicitar formalmente investigações. Em conversa com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), Demóstenes pediu para ser poupado. Inicialmente ouviu que teria respaldo da bancada, mas perdeu o apoio dos principais aliados depois que o procurador decidiu abrir o inquérito. O próprio presidente do DEM admitiu a possibilidade de expulsão de Demóstenes ao dizer que a sigla não convive com a "falta de ética". Outro aliado de Demóstenes, o senador Álvaro Dias (PR), líder do PSDB, também defendeu a apuração alegando que a Casa não pode ter "dois pesos e duas medidas". Em carta a Sarney, Demóstenes prometeu prestar esclarecimentos, mas se disse vítima de "ataques" à sua honra. Ele prometeu ir à tribuna da Casa para se defender. Na carta, Demóstenes voltou a pedir que o STF faça "meticulosa investigação" se existir "alguma suspeita" sobre a sua conduta. "Não me escusarei de responder a qualquer questionamento." A situação do senador se complicou depois que, na semana passada, reportagem do jornal "O Globo" afirmou que ele pediu R$ 3.000 a Cachoeira. Antes, ele já havia admitido ser amigo do empresário, de quem recebeu presentes, além de um celular antigrampo -como a Folha mostrou. Cerca de 300 ligações entre ele e Cachoeira foram gravadas pela PF. Também são citados na investigação os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Rubens Otoni (PT-GO). A Procuradoria deve abrir inquérito contra eles. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |