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Criticado por protecionismo, Brasil debate câmbio na OMC

Medidas recentes para defender a indústria nacional fazem o país perder força nas discussões sobre a guerra cambial em Genebra

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O Brasil levou à Organização Mundial do Comércio (OMC) ontem sua "guerra cambial", abrindo o seminário de dois dias que propôs sobre o tema em Genebra no momento em que crescem os questionamentos sobre as medidas do governo para defender a indústria nacional.

"Se de fato alguns países subsidiam seus produtos ou produzem abaixo do custo, o Brasil tem direito de usar soluções antissubsídios", disse o economista William Cline, do Peterson Institute.

"A questão é quando isso começa a virar um padrão que funciona como instrumento de proteção. Quanto mais um país faz proliferar esse tipo de medida, mais parece que é protecionismo."

Desde que o Brasil subiu o imposto sobre carros importados no ano passado, questões sobre protecionismo da medida se multiplicaram em publicações como a "Economist" e no discurso dos empresários estrangeiros. Ações como a intervenção no câmbio fizeram engrossar o coro.

Um interlocutor do Itamaraty diz que a sucessão de medidas está fazendo o país perder "moral" para falar da questão cambial -de como moedas artificialmente baixas distorcem o comércio.

Um diplomata brasileiro admite que a "má vontade" dos parceiros comerciais para tratar do tema pode aumentar. O alvo visível, no momento, é a China, mas há ainda preocupação com os EUA.

Ontem, o presidente da Coteminas e colunista da Folha, Josué Gomes da Silva, disse que o desalinhamento do câmbio pode trazer danos irreversíveis à estrutura de países com moedas supervalorizadas: "Nossa indústria corre risco significativo de retroceder de forma permanente".

Para o embaixador Roberto Azevedo, o seminário deve levar o debate ao plano real: é necessário haver um mecanismo contra as distorções. O organismo hoje permite impor tarifas de até 35% para lidar com a questão, e o Brasil está abaixo da margem.

"Há uma assimetria cambial de tamanha ordem de grandeza que é preciso algo que permita corrigir a situação", disse. "O que estamos propondo na OMC é justamente um mecanismo que permita dar algum desafogo."

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