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Tumor desaparece, e Lula anuncia que volta à cena política

Ex-presidente diz que 'venceu' doença após 5 meses de tratamento; retorno será 'moderado', afirma ministro

Petista grava vídeo para divulgar resultado de exame; aliados esperam socorro a campanha de Fernando Haddad

BERNARDO MELLO FRANCO
DANIEL RONCAGLIA
DE SÃO PAULO
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI

Depois de cinco meses de tratamento contra um câncer na laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que "venceu" a doença e voltará à cena política.

Exames realizados ontem mostraram que o tumor desapareceu. No entanto, os médicos avisaram que ele só poderá ser considerado curado depois que passar cinco anos sem a doença.

A notícia encerra uma etapa penosa em que o petista foi submetido a três ciclos de quimioterapia e 33 sessões de radioterapia -método escolhido para evitar uma cirurgia que podia deixá-lo sem voz para o resto da vida.

Como efeitos colaterais, o ex-presidente perdeu o cabelo e a barba característica e chegou a emagrecer 18 quilos devido às dificuldades para se alimentar. Enfraquecido, ainda contraiu pneumonia e voltou a ser internado no início deste mês.

O diagnóstico de ontem foi antecipado pela Folha.com. Segundo boletim do hospital Sírio-Libanês, os exames mostraram "ausência de tumor visível, revelando apenas leve processo inflamatório nas áreas submetidas à radioterapia, como esperado".

Lula chegou ao hospital às 7h40. Duas horas depois, recebeu o resultado e ligou a ex-primeira-dama Marisa Letícia, para presidente Dilma Rousseff -que está em viagem à Índia- e para o presidente interino, o deputado federal Marco Maia.

Já em seu instituto, gravou um vídeo e posou para fotos diante da pintura de um céu azul. Na gravação, em tom de pronunciamento oficial, agradeceu a Deus, à família e aos eleitores. "Recebi a notícia de que conseguimos vencer o câncer", afirmou.

"Agora volto à minha militância com muito mais cuidado, muito mais maduro e muito mais calejado, pensando em primeiro lugar em cuidar da saúde, mas sobretudo [em] continuar lutando", afirmou o ex-presidente.

"Vou voltar à vida política porque eu acho que o Brasil precisa continuar crescendo e se desenvolvendo."

O diagnóstico foi festejado por aliados e por Dilma. "Ele deve estar comemorando até agora", disse ela, em Nova Déli. "De certa forma, eu já esperava esta notícia. Mas, ter certeza é muito bom, né?"

A volta de Lula à ativa é aguardada com ansiedade pelos petistas -especialmente em São Paulo, onde o pré-candidato do PT a prefeito, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, enfrenta problemas na campanha.

Mesmo após eventos constantes em regiões da cidade onde o PT é mais forte, Haddad não decolou nas pesquisas: tem só 3% no Datafolha.

'CENTRO DA VIDA'

No entanto, o ex-presidente terá que adotar um ritmo mais lento. "Ele gostaria de participar mais, mas ainda está na fase de cuidar da saúde e recuperar as energias", avisou o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), a atuação de Lula nas eleições será "moderada".

"Ele sabe que o estado de saúde não permite que faça comício em tudo quanto é lugar", disse. "Precisamos tomar cuidado. O Haddad não é o centro da vida do Lula."

O petista ainda terá que fazer fonoaudiologia e não confirmou data para uma reaparição pública, que pode ocorrer em abril, em São Bernardo do Campo. Ele também planeja tirar uma semana de descanso numa praia. A primeira viagem internacional deve ser em maio, à Holanda.

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