Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Índia informa Brasil sobre compra de caças Governo indiano relatou à delegação do país o programa de aquisição de Rafales, que disputam concorrência da FAB Decisão brasileira não deve ser anunciada até maio, quando acontece o 2º turno na França, que produz os aviões CLÓVIS ROSSIENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI O governo indiano relatou à delegação brasileira, que encerrou ontem uma visita oficial ao país, como está o seu programa de compra dos caças franceses Rafale. Mas nenhum dos integrantes da delegação quis entrar em detalhes sobre a exposição indiana e menos ainda sobre as observações brasileiras. Limitaram-se a admitir que o tema fora levantado, por parte dos indianos. O ministro Fernando Pimentel (Indústria, Comércio e Desenvolvimento) contou apenas que os brasileiros disseram aos indianos que ficariam observando, até porque a decisão sobre a compra de aviões para a FAB (Força Aérea Brasileira) ainda não foi tomada. Os Rafale concorrem com o norte-americano Boeing F-18 e o sueco Gripen, o preferido da FAB. O ministro desconhecia completamente denúncia inicialmente veiculada pelo canal de notícias "Times Now" faz dois dias: a emissora anunciou ter documentos em que "oficiais superiores" não especificados questionam as condições da compra. As objeções são de duas naturezas: o valor a ser pago pelos caças, calculado em cerca de US$ 15,7 bilhões (R$ 28,7 bi) pelas 126 unidades; e a falta de clareza quanto à transferência de tecnologia. Os indianos têm requisitos de transferência tecnológica que implicam a construção do avião no país, como eles já fazem com o caça pesado russo Sukhoi-30. Os dois itens aplicam-se exatamente à concorrência aberta pela Força Aerea Brasileira para comprar 36 caças, um pacote no valor de aproximadamente R$ 10 bilhões. O Rafale, o favorito no momento, é mais caro do que seus concorrentes. Transferência de tecnologia é considerado ponto essencial para a definição por um modelo, mesmo que seja seu preço seja mais alto. Se há dúvidas sobre a real transferência de tecnologia, a compra dos caças pode emperrar de novo (a concorrência arrasta-se desde 2001 e já houve outros momentos em que o avião francês foi dado como seguro vencedor, até pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva). Pimentel soube pela Folha da denúncia, mas ele não fez comentário, como é óbvio, em se tratando de assunto interno indiano. Pimentel tampouco comentou a informação de que haveria a possibilidade de o Brasil virar parceiro de Nova Déli caso também venha a escolher o Rafale. O ministro usou exatamente o argumento de que não há decisão sobre qual avião será comprado, o que tornaria pura especulação discutir cooperação com quem já comprou um dado modelo. A Folha apurou que o cálculo que se faz no governo é o de que a decisão não será anunciada antes da eleição francesa de 6 de maio (segundo turno) para não ajudar o presidente Nicolas Sarkozy, se o Rafale for escolhido, ou prejudicá-lo, se for um dos concorrentes. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |