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Demóstenes reclama de 'prejulgamento' e deixa o DEM

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Isolado e sem apoio da cúpula do DEM, o senador Demóstenes Torres (GO), investigado por suas relações com o empresário do jogo Carlinhos Cachoeira, decidiu ontem deixar o partido.

Em carta encaminhada ao comando da sigla, o senador disse que sofreu um "prejulgamento público" pelo DEM, o que o levou a pedir para se afastar dos seus quadros.

Demóstenes negou que tenha cometido "reiterado desvio do programa partidário", argumento usado para abrir anteontem seu processo de expulsão. Com o pedido de desfiliação espontânea, o rito de expulsão fica automaticamente suspenso.

Demóstenes é investigado pela Procuradoria-Geral da República por favores a Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob acusação de chefiar esquema de jogos ilegais.

A defesa do senador anunciou que vai recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir a anulação das provas, porque Demóstenes, que tem foro privilegiado, foi investigado sem autorização.

Inicialmente, Demóstenes não cogitava a saída voluntária do partido, com medo de perder o mandato na Justiça Eleitoral por infidelidade partidária. Mudou de ideia para evitar desgastar-se ainda mais com a expulsão.

Como o senador mantém a disposição de não renunciar ao mandato, a discussão sobre a sua permanência poderia continuar a expô-lo por pelo menos mais uma semana.

Ao mesmo tempo, para impedir a perda de mandato por infidelidade, Demóstenes subiu o tom na carta de saída para ter como argumento na Justiça que sofreu "perseguição política" no partido -logo, foi forçado a sair.

Apesar da manobra, o DEM não está disposto a brigar pela vaga de Demóstenes. "Não há razão para isso, não existe evidência de infidelidade", disse o presidente da sigla, José Agripino (DEM-RN).

O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), disse que o caso Demóstenes é um "assunto superado" dentro do partido.

O PT ofereceu ontem o senador Wellington Dias (PI) para presidir o Conselho de Ética do Senado, numa tentativa de acelerar o processo contra Demóstenes.

O cargo de presidente está vago desde o ano passado, quando o senador João Alberto (PMDB-MA) se licenciou do Senado. Caberá ao novo presidente do conselho, a ser eleito no dia 10, decidir se aceita a representação do PSOL contra Demóstenes por quebra de decoro.

Colaborou CATIA SEABRA, de Brasília

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