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Inflação no 1º trimestre é a mais baixa em 12 anos

Taxa anualizada cai para 5,24% e fica mais próxima da meta de 4,5% para 2012

Economistas afirmam que a pressão sobre os preços diminuiu em razão do crescimento econômico mais fraco

LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

Há 12 anos o país não registrava inflação tão baixa em um primeiro trimestre quanto registrou de janeiro a março deste ano, aponta o IBGE.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) dos três primeiros meses do ano ficou em 1,22%, patamar mais baixo para o período desde 2000, quando ficou em 0,97%. A inflação oficial ficou em 0,21% em março, 0,24 ponto percentual abaixo do verificado um mês antes.

Na comparação com março de 2011, a queda também foi expressiva, de 0,58 ponto percentual. No acumulado em 12 meses, o índice ficou em 5,24% -abaixo do teto da meta do governo para este ano, que é de 6,5%.

Após três meses em queda, o IPCA bateu uma sucessão de recordes. O índice é o menor desde julho de 2011. No acumulado anual, é o mais baixo desde outubro de 2010.

Houve desaceleração de preços em setores importantes -educação, habitação, saúde e gastos pessoais. Mas, segundo especialistas ouvidos pela Folha, a inflação baixa é reflexo de um crescimento econômico mais fraco.

Especialistas destacam que o aumento da inadimplência do consumidor (que caiu na passagem de janeiro para fevereiro, mas subiu 18,3% na comparação anual) tem freado o consumo das famílias, hoje o principal combustível do PIB brasileiro.

Economistas calculam que o crescimento do PIB seja praticamente zero no primeiro trimestre deste ano.

"Não dá para ter inflação com um crescimento tão baixo", afirmou o professor de economia Ruy Quintans, do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).

Em 2011, o crescimento do PIB ficou em 2,7%. Desse total, 1,7 ponto percentual foi, de acordo com o governo, resquício de 2010.

"A boa notícia é que a inflação está sob controle e parece que permanecerá assim até o final do ano. A má notícia é que a economia não está aquecida a ponto de pressionar os preços", disse o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas. Para ele, o PIB do primeiro trimestre deve variar no máximo 0,5%.

Na avaliação de Thadeu, as medidas de estímulo ao consumo lançadas pelo governo, como redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), só surtirão efeito no segundo semestre.

Segundo o economista do Ibmec, o principal problema da economia é que seu crescimento se baseia somente na demanda, e não na oferta.

Enquanto a produção da indústria cai -em fevereiro recuou 3,9% na comparação anual, segundo o IBGE-, as taxas de emprego se mantêm.

"Isso pode significar várias coisas, inclusive uma baixa produtividade. Produzimos menos com mais gente."

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