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Ex-vice do BB diz ter provas de que banco violou sigilo

Defesa de Allan Toledo enviou pedido de investigação ao Ministério Público

Advogado afirma que e-mail indica que BB estava investigando seu cliente; sindicância do banco descarta violação

JULIO WIZIACK
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

A defesa do ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Toledo contestou ontem o resultado da sindicância do BB que descartou ter havido a quebra de sigilo bancário do executivo e disse ter provas de que houve "acesso imotivado" às informações.

Com base nessa argumentação, o advogado de Toledo José Roberto Batochio encaminhou ao Ministério Público Estadual de São Paulo pedido de investigação do caso.

A "prova" apresentada pela defesa da suposta quebra de sigilo é um e-mail enviado pelo gerente da divisão de análise de indícios de lavagem de dinheiro do BB, em 10 de janeiro deste ano, para a gerente da conta da aposentada que repassou quase R$ 1 milhão para Allan Toledo -valor sem origem comprovada, como revelou a Folha.

No e-mail, o funcionário diz: "Rita, estamos providenciando análise de ocorrência do DLD [sistema interno de suporte na análise de indícios de lavagem] envolvendo a cliente... e preciso conversar contigo, mas não estou conseguindo contato telefônico. Você poderia me ligar?".

Toledo foi demitido em dezembro de 2011 e após isso o BB e o Coaf (órgão de inteligência financeira) passaram a investigar a origem de quase R$ 1 milhão depositados numa conta recém-aberta por ele em agência do BB. Foi após a Folha revelar esse fato que ele acusou o banco de ter quebrado seu sigilo, não comprovado em sindicância concluída nesta semana.

O e-mail foi enviado quando a sindicância sobre a origem do dinheiro já estava em curso. Contatado, o BB disse que não se pronunciaria, pois o caso está sob sigilo.

Na época dos depósitos que somaram R$ 1 milhão, Toledo era vice-presidente do banco. A Comissão de Ética Pública da Presidência também analisa o caso.

O executivo alega que o valor dos depósitos refere-se à venda de um imóvel da aposentada, da qual diz ser herdeiro. Essa transação, porém, só foi registrada após a Folha revelar o caso, um ano depois da alegada venda, e a aposentada segue morando na casa.

Segundo a defesa, a alegada quebra de sigilo tem como pano de fundo a disputa entre o presidente da Previ, Ricardo Flores, e o presidente do BB, Aldemir Bendine.

"Estamos dizendo ao Ministério Público que houve um crime. Não esperávamos outra coisa do BB que não negar. O Ministério Público vai apurar quem está dizendo a verdade", disse Batochio. A defesa anexou ainda uma carta apócrifa que afirma que as evidências da quebra de sigilo foram apagadas.

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