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Ideli é convocada a explicar compra de lanchas na Câmara

Com apoio de deputados da base governista, Comissão de Fiscalização aprovou requerimento por 8 votos contra 7

Ministra terá que falar sobre aquisição suspeita de 28 embarcações pela Pesca, pasta que comandou em 2011

DE BRASÍLIA

Principal articuladora política do governo, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) terá que dar explicações ao Congresso sobre a suspeita de irregularidades na compra de 28 lanchas por parte do Ministério da Pesca, que foi comandado por ela no início do ano passado.

Com apoio de integrantes da base governista na Câmara, ela foi convocada ontem pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.

Numa demonstração de insatisfação de parte dos aliados, a convocação foi aprovada por 8 votos a 7, com apoio de deputados do PR e do PP.

Após o resultado, o Planalto cobrou líderes governistas por terem possibilitado a convocação de Ideli.

O contrato para a compra das lanchas foi fechado na gestão do também petista Altemir Gregolin, antecessor de Ideli. A empresa beneficiada afirma que recebeu de um diretor do ministério pedido de uma doação de R$150 mil para o Comitê Financeiro do PT de Santa Catarina, Estado de Gregolin e de Ideli.

Mais da 80% da campanha da ministra ao governo de Santa Catarina, em 2010, foi custeada pelo partido.

O Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento e direcionamento da licitação para fornecer as lanchas, que custaram R$ 31 milhões ao ministério.

Segundo o tribunal, a maioria das embarcações estaria fora de operação. A Folha constatou que pelo menos 5 das 28 estavam paradas, sem uso, em marinas de Santa Catarina e de Salvador.

Nos bastidores, a ministra é alvo de críticas de congressistas, especialmente do PMDB e do PT, que tentaram desestabilizá-la no mês passado, durante a crise do Planalto com aliados. Na ocasião, a presidente Dilma Rousseff trocou os líderes do governo na Câmara e no Senado.

Além de ataques por conta do atraso na liberação de emendas do Orçamento, o estilo duro da ministra nas negociações é apontado como motivo de insatisfação.

A audiência para ouvir a ministra ainda não tem data marcada. Em nota, Ideli disse que está à disposição para prestar os esclarecimentos.

No Congresso, além do caso das lanchas, a ministra também pode ter que responder sobre a informação de que um assessor, Olavo Noleto, teve contato com um dos interlocutores do grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de liderar esquema de jogo ilegal.

Para tentar melhorar a imagem, a ministra decidiu contratar uma consultoria. A empresa escolhida foi a Entrelinhas Comunicação e Publicidade, que também assessora o ex-ministro José Dirceu. (MÁRCIO FALCÃO E MARIA CLARA CABRAL)

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