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Morre aos 78 o cineasta Paulo Cezar Saraceni

Cofundador do cinema novo, dirigiu "Porto das Caixas" e "Casa Assassinada"

Corpo será cremado amanhã, no Rio; último trabalho foi o inédito "O Gerente", baseado em conto de Drummond

Pedro Carrilho - 18.jan.11/Folhapress
O cineasta Paulo Cezar Saraceni na casa em que vivia, no Jardim Botânico, zona sul do Rio
O cineasta Paulo Cezar Saraceni na casa em que vivia, no Jardim Botânico, zona sul do Rio

DO RIO

Morreu ontem no Rio, por falência múltipla dos órgãos, o cineasta Paulo Cezar Saraceni, 78. Um dos fundadores do cinema novo, ao lado de Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, dizia ter cunhado o lema do movimento: "Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça".

Em outubro do ano passado, Saraceni havia sofrido um AVC (acidente vascular cerebral). Desde então, estava internado no Hospital Federal da Lagoa, na zona sul do Rio.

"Ele foi o último romântico do cinema brasileiro. Não tinha plano de saúde, não tinha nada", disse à Folha Haroldo Marinho, 68, cineasta e grande amigo de Saraceni.

O diretor assinou filmes como "O Desafio" (1965) e "Ao Sul do Meu Corpo" (1982). "Porto das Caixas" (1962), "A Casa Assassinada" (1971) e "O Viajante" (1998), todos com argumento ou inspirados na obra de Lúcio Cardoso (1912-68), compõem o que o realizador denominou "trilogia da paixão".

Saraceni trabalhou como crítico de cinema e assistente de direção teatral antes de completar o primeiro longa, o documentário "Arraial do Cabo" (1959).

Seu último trabalho foi "O Gerente" (2011), baseado em conto de Carlos Drummond de Andrade. O longa, ancorado no primeiro roteiro que Saraceni escreveu, em 1952, abriu o Festival de Tiradentes (MG) em janeiro de 2011 e ainda não teve lançamento comercial. Pelo menos duas gravações originais de João Gilberto estão na trilha sonora.

O cineasta se recuperava de um primeiro AVC quando começou a rodar "O Gerente". "Ele já estava com a saúde bem baqueada, mas todos os amigos se reuniram para viabilizar o filme", relembra Marinho.

O diretor Zelito Vianna, amigo de longa data, ficou responsável pela produção. Atores que já haviam trabalhado com Saraceni, como Ney Latorraca e Othon Bastos, participaram em troca de cachês simbólicos.

PROJETO

Durante o período de internação no Hospital da Lagoa, o cineasta alternava momentos de inconsciência com outros em que conseguia conversar com os amigos. Nesses últimos, falava sobre o projeto que ambicionava concretizar quando saísse dali: o filme "Chaplin Club", sobre o primeiro cineclube brasileiro, que funcionou no Rio entre 1928 e 1931.

O corpo de Saraceni será velado hoje, a partir das 14h, no Parque Lage. A cremação está prevista para amanhã, às 14h, no Memorial do Carmo, no Caju.

O cineasta deixa mulher, a atriz Ana Maria Nascimento e Silva, e um filho.

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