Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Se medidas de estímulo ao crédito não forem eficazes, ficará difícil crescer 3% neste ano

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O declínio, de janeiro para fevereiro, da estimativa mensal do PIB do Banco Central foi modesto (0,2%). Ainda assim, foi mais um elemento a confirmar que a atividade econômica, após um decepcionante segundo semestre em 2011, ainda encontra dificuldades para se dinamizar.

Algumas das razões da perda de velocidade do PIB são conhecidas. Primeiro, uma série de medidas de política econômica, adotadas a partir de fins de 2010, visando moderar o impulso da demanda e da inflação. E segundo, um forte aumento da incerteza, originado do agravamento da crise na Europa.

Esse quadro se traduziu em perda de ímpeto das exportações, redução do ritmo de alta do consumo e em freada mais significativa do investimento. Só as importações seguiram firmes, denotando uma corrosão de competitividade da indústria brasileira.

Esperava-se que neste início de 2012 a atividade econômica no país começasse a reagir de forma clara graças ao aumento substancial do salário mínimo, à reversão de medidas contracionistas e à redução das tensões financeiras globais (após iniciativas que diluíram o temor de quebras de bancos na Europa).

As informações indicam que o PIB voltou a crescer no primeiro trimestre de 2012, porém pouco. Estimamos, na LCA, que tenha superado em 0,5% o PIB do quarto trimestre. A timidez da retomada está associada a fatores menos notórios que vêm minando o dinamismo da economia.

A inadimplência no crédito às pessoas físicas subiu continuamente ao longo de 2011 -um movimento incomum num contexto em que o desemprego se manteve baixo, mas que pode ser explicado pelo fato de que as famílias passaram a comprometer parcela cada vez maior de sua renda com o pagamento de juros e a amortização de dívidas. Em paralelo, os bancos adotaram maior cautela na concessão de crédito.

O governo percebeu a necessidade de medidas para estimular o crédito às famílias e o investimento. Se tais medidas não se mostrarem eficazes, e logo, será bastante difícil crescer 3% em 2012.

FERNANDO SAMPAIO, economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.