Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fazendeiros retiram gado de área invadida na BA

Índios pataxós autorizaram remoção dos rebanhos, móveis e insumos de 59 propriedades

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A PAU BRASIL (BA)

Expulsos por índios pataxós hã hã hãe, fazendeiros estão retirando rebanhos, insumos agrícolas e móveis de fazendas invadidas na Bahia.

Caminhões boiadeiros e caminhonetes cheias de pertences dos produtores passaram o dia cruzando estradas de Pau Brasil (550 km de Salvador), no sul do Estado.

Milhares de cabeças de gado leiteiro foram levadas para pastagens arrendadas pelos ruralistas fora da região tomada pelos índios. Os pataxós autorizaram a retirada.

Até agora, segundo a Polícia Civil, houve 59 propriedades invadidas em três municípios -Pau Brasil, Itaju do Colônia e Camacã. Fazendeiros locais contabilizam 64.

Iniciada em fevereiro e intensificada nos últimos dias, a série de invasões visa pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a julgar ação de 1982 que reivindica a criação de reserva de 54 mil hectares.

Cerca de 4.000 pataxós prometem tomar novas fazendas até alcançar toda a área que reivindicam. Na região do conflito, há 396 proprietários com títulos de terra emitidos pelo governo da Bahia entre 1903 e a década de 1970.

"Já são 30 anos de espera, não tem paciência que não se esgote. A comunidade decidiu, de uma vez por todas, botar para fora os invasores. O tribunal é para decidir e não para engavetar", disse o cacique Nailton Kanay Pataxó.

Índios e fazendeiros se acusam de estarem amparados por pistoleiros de aluguel. Anteontem, fazendeiros queimaram pneus e fizeram uma barricada em estrada que liga as áreas invadidas à cidade de Pau Brasil. A PF não achou armas de fogo nem reféns em poder dos pataxós.

"Não são índios, são bandidos. A situação é péssima para a gente porque ninguém está do nosso lado. O governo do Estado apoia eles, o governador Jaques Wagner (PT) nem aceitou nos receber", disse o ruralista Paulo Leite.

O governo da Bahia disse que atua como mediador do conflito e que não apoia índios ou ruralistas. Nega que o governador tenha se recusado a receber os fazendeiros.

Colaborou LUIZA BANDEIRA, de São Paulo

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.