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Nomes da comissão serão formalizados até terça

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Criada ontem pelo Congresso, a Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar as atividades do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deverá ter entre seus 32 integrantes 17 deputados e senadores com pendências na Justiça.

Entre os indicados estão os senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que respondem na Justiça respectivamente por corrupção ativa e passiva, crime de responsabilidade fiscal e crimes contra a administração pública, entre outros.

Afastado da Presidência da República por corrupção em 1992 e mais tarde absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Collor voltou a enfrentar problemas na Justiça depois de voltar à política e se eleger governador de Alagoas.

Jucá é alvo de inquéritos no Supremo sob acusação de crime fiscal e de responsabilidade, entre outros. Em 2005, ele deixou o Ministério da Previdência em meio a acusações de irregularidades em empréstimos concedidos a uma antiga empresa sua.

Cunha Lima chegou a ser barrado pela Lei da Ficha Limpa antes de o Supremo decidir que a lei não valeria para a eleição de 2010. O senador teve o mandato de governador cassado em 2009 por abuso de poder econômico e político.

Jucá disse que responder processo "faz parte da democracia" e que não foi condenado. Collor e Cunha Lima não foram encontrados.

Outros oito políticos indicados para a CPI são alvo de ações sob acusação, entre outras, de improbidade administrativa e execução fiscal.

Dados da ONG Transparência Brasil mostram que, entre os prováveis futuros membros da CPI, seis têm pendências eleitorais -como rejeição de contas de campanha.

As indicações para a CPI vão ser formalizadas até terça. Só depois disso a comissão será formalmente instalada e iniciará as investigações.

Os partidos já indicaram 26 dos 32 integrantes da comissão, mas pode haver mudanças, porque o governo tem procurado selecionar parlamentares mais afinados.

O PMDB do Senado pretende escalar o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM). O PT da Câmara discute o melhor nome para ocupar a relatoria. Odair Cunha (MG) e Paulo Teixeira (SP) são cotados depois que Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi vetado por integrantes do governo.

Com ampla maioria na CPI, o governo terá número suficiente para derrubar convocações propostas pela oposição. "A CPI não vai ser objeto de blindagem", disse o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

Apesar da determinação de impedir que as investigações respinguem no governo, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse ontem que a CPI não traz preocupações.

"O governo não tem com o que se preocupar a não ser em cumprir o nosso papel, que é trabalhar."

Suspeito de favorecer Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) argumentou ontem que não assinou o pedido de CPI pois isso seria "falso heroísmo".

"A vida toda fui coerente. Assinar, qual seria a razão? Falso heroísmo?", disse.

Ele afirmou, entretanto, que o Congresso tem razão de fazer a investigação.

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