Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cachoeiragate / Copa

Delta decide sair de consórcio do Maracanã

Empresa negocia acerto para deixar grupo e, nos últimos dias, não pagou fornecedores por problemas no fluxo de caixa

Governo recebeu recado de grandes construtoras de que podem assumir obras da Delta caso ela não possa mais tocá-las

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

A construtora Delta, que segundo investigação da Polícia Federal tem ligação com o empresário Carlos Cachoeira, parou de fazer contribuições ao consórcio encarregado de reformar o Maracanã para a Copa de 2014.

Segundo a Folha apurou, nos últimos dias a empresa deixou de aportar cerca de R$ 7 milhões para pagar fornecedores, alegando problemas no seu fluxo de caixa.

Como antecipado pela coluna Mônica Bergamo, está sendo negociado o acerto financeiro para a saída da Delta do consórcio, formado com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez. O acerto só deve ser concluído depois que forem fechadas as despesas do mês.

Empreiteiras contratadas para obras públicas são pagas em geral 60 dias depois da conclusão de cada fase do serviço. Antes disso, têm que tocar com meios próprios.

Na reforma do Maracanã, de R$ 860 milhões, o consórcio já recebeu do Estado cerca de R$ 320 milhões. Teria agora que entrar com R$ 45 milhões por mês para entregar o serviço no prazo combinado, fevereiro de 2013.

A Delta tem 30% na sociedade, e teria que contribuir com R$ 13,5 milhões mensais, em média. A Odebrecht, maior acionista, tem 49%, e a Andrade Gutierrez, 21%.

O presidente da Delta, Fernando Cavendish, disse à Folha que poderia quebrar, já que o foco na empresa levaria governos e bancos a sustarem pagamentos e créditos.

Nem o consórcio nem as construtoras quiseram se manifestar sobre o caso. A Secretaria de Obras do Estado, responsável pelo contrato, disse não ter recebido comunicado sobre a saída da Delta.

A Delta já teve problemas na construção do estádio do Engenhão no Rio, inaugurado em 2007. Contratada para a primeira fase da obra pelo então prefeito Cesar Maia (DEM), a empresa não fez a articulação entre as paredes e a cobertura do estádio.

Maia disse que o consórcio alegou que a Delta não tinha a tecnologia para a articulação, muito sofisticada. "O que fez, fez bem. O que não fez foi decisão da prefeitura", disse.

O governo já recebeu recado de grandes construtoras que, caso a Delta não consiga realizar obras, elas podem assumir os trabalhos.

Desde 2007, a empresa é a que mais recebe verba do Orçamento da União: em 2011, foram R$ 862 milhões. Desse valor, 90% vieram do Dnit, a maioria para obras do PAC.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.