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Senador negociou dívida pela Delta, diz PF

Segundo a polícia, Demóstenes tratou com prefeito de Anápolis para que empreiteira recebesse pagamento

Para Procuradoria, conversas com Cachoeira são indício de que político era 'sócio oculto' da construtora

Alan Marques - 19.abr.12/Folhapress
Demóstenes no plenário do Senado; para Procuradoria, ele seria 'sócio oculto' da Delta
Demóstenes no plenário do Senado; para Procuradoria, ele seria 'sócio oculto' da Delta

FERNANDO MELLO
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Três diálogos captados pela Polícia Federal indicam que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) negociou para que a Prefeitura de Anápolis (GO) pagasse R$ 20 milhões à empreiteira Delta.

Tratava-se de dívida que, anteriormente, pertencia à Queiroz Galvão e que, segundo os áudios, foi "comprada" pela Delta por R$ 4,5 milhões. A prefeitura confirma a negociação, mas diz que a dívida ainda não foi paga.

O dinheiro se referia ao contrato de recolhimento do lixo, que já foi feito pela Queiroz Galvão e hoje está sob responsabilidade da Delta.

As conversas são usadas pela Procuradoria-Geral da República para apontar indícios de que Demóstenes seria "sócio oculto" da Delta.

Em diálogo gravado em 9 de julho de 2011, Demóstenes relatou a Cachoeira detalhes da reunião prefeito de Anápolis, Antonio Gomide (PT).

Demóstenes disse a Cachoeira que o prefeito concordava em pagar 50% por meio de precatórios e negociar os outros 50% da dívida.

O senador afirmou que, em contrapartida, Gomide disse que queria "por mês tanto, que eu tô no fim da minha gestão e preciso ganhar a eleição". Cachoeira responde: "Ele só quer graça".

Na mesma conversa, Demóstenes diz a Cachoeira que o prefeito havia marcado um encontro com Claudio Abreu, então diretor da Delta no Centro-Oeste. "Ele pediu pro Claudio voltar a falar com ele de novo", disse Demóstenes.

PROPINA

Em outro diálogo, gravado três dias depois, Claudio Abreu conversou com Cachoeira e deu a entender que o prefeito pediu propina.

Abreu relatou a Cachoeira ter dito a Antonio Gomide: "Não dou conta de dar 10 mil procê, Antônio". O prefeito diz que os "10 mil" referiam-se a "asfalto" e que nunca falou sobre o assunto da dívida com Demóstenes.

No mesmo diálogo, Claudio Abreu relata a Cachoeira ter feito uma proposta ao prefeito: "Vamos combinar de encontrar com o Demóstenes? Vamos nós três tratar disso?". "Uai, pode marcar, não tem problema não, pode marcar", teria respondido o prefeito.

Abreu relatou ainda a Cachoeira que o prefeito estaria reclamando, pois não teria condições de pagar a dívida.

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