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Cachoeiragate/Grampos

Integrante da cúpula da Delta é citado em grampo

Empresa tem dito que elo com Cachoeira se limitava a ex-diretor regional

Gravações da PF são 'vazamentos parciais' e 'descontextualizados', segundo a empreiteira, que não comenta caso

Alan Marques/Folhapress
Delta na mira, Número 2 da empresa é citado em grampos
Delta na mira, Número 2 da empresa é citado em grampos

NATUZA NERY
ANDREZA MATAIS
CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O diretor-executivo da empreiteira Delta, Carlos Pacheco, é citado em ao menos sete conversas do empresário Carlinhos Cachoeira -preso na Operação Monte Carlo- nas quais são discutidos negócios e marcados encontros.

Diálogos interceptados pela Polícia Federal, aos quais a Folha teve acesso, põem em xeque a versão da empresa.

A Delta afirma que as eventuais relações da construtora com Cachoeira se referem apenas ao ex-diretor da empresa para a região Centro-Oeste, Claudio Abreu, já afastado, e não à sua cúpula.

Maior recebedora de recursos federais desde 2007, a Delta deve ser investigada na CPI do Cachoeira, a ser instalada nesta semana no Congresso.

'TAMO JUNTO'

Um diálogo entre Cachoeira e Abreu, gravado em 12 de julho de 2011, foi acompanhado por Pacheco pelo viva voz, segundo dizem os dois.

Abreu relata que outras empreiteiras estavam interessadas na parte de Cachoeira em um negócio não especificado na conversa.

"Os cara tava [sic] querendo dividir os 25% seu em participação, e nós íamos consultar você pra saber, você quer ficar é com a gente, né? Os 25% seu com a gente, não é isso?", pergunta Abreu.

"Exatamente, você lembra que o Pacheco falou que ainda ia vender pra eles lá parte do projeto, da entrada, né? Vamo fazer isso, é com vocês aí, nós tamo junto", responde Cachoeira.

"Fala pro Pacheco que ele não pode sumir de Goiânia senão acaba tendo uma bola nas costas", continua Cachoeira. "Eu botei no viva voz de novo. Repete aí [Cachoeira]. Aí cara, nós tamos rindo aqui", responde Abreu.

Em outro diálogo, no mesmo dia 12 de julho, Cachoeira e Abreu discutem como reunir "1,5 milhão" em espécie, sem especificar a moeda nem para qual objetivo.

"Eu programei com o Pacheco aqui os outros em euro. Eu sei que até dia 31 o Pacheco vai me mandar 2 milhões bruto", diz Abreu.

Em 16 de junho de 2011, Abreu diz a Cachoeira que está com Pacheco no carro. "Ele [Pacheco] quer trancar numa sala com você pra gente definir aqueles 'trem' lá." "Estarei lá", diz Cachoeira.

BILHETAGEM

A pauta dessa reunião foi definida um dia antes, numa conversa por telefone entre Cachoeira e Abreu: a venda ao governo do Distrito Federal de um programa de computador a ser usado no sistema de bilhetagem do setor de transportes de Brasília, que renderia "60 pau por mês" ao grupo, segundo Cachoeira.

O DFTrans ainda não definiu qual será o novo parceiro para a bilhetagem e tem negado direcionamento na licitação para beneficiar o grupo de Cachoeira.

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