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Cachoeiragate/CPI

Cachoeira pode proteger 'aliados' na CPI

Pessoas de confiança do empresário afirmam que ele não está disposto a fazer acusações contra congressistas

Demóstenes seria o principal poupado; gravações telefônicas mostram que senador já foi alvo de proteção

NATUZA NERY
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

Pivô da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que leva seu apelido, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deu sinais a pessoas de sua confiança de que não está disposto a fazer acusações contra seus aliados no Congresso quando for chamado a depor.

Segundo a Folha apurou, o empresário, preso há quase dois meses por suspeita de contravenção e corrupção, está disposto a poupar principalmente o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), suspeito de atuar no Congresso em favor de interesses de Cachoeira. A CPI deve ser instalada nesta semana.

O empresário não dá sinais de que vai jogar gasolina no escândalo. Segundo interlocutores, ele está calmo, a despeito das suspeitas publicadas nas últimas semanas, e não é uma "bomba-relógio".

O círculo de contatos de Cachoeira não descarta uma tentativa de recorrer à Justiça pelo direito de ele se manter calado em seu depoimento, usando o argumento de que não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.

Essa futura proteção do empresário ao senador, se confirmada, encontra eco em gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo e obtidas pela Folha.

Nos telefonemas, Cachoeira aparece agindo para proteger Demóstenes de uma suspeita levantada pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (ex-DEM) em entrevista à "Veja", em março de 2011.

Arruda disse que, quando estava no governo, Demóstenes lhe pediu para contratar uma empresa. Na época, o senador negou ter pedido.

Três semanas depois, Cachoeira telefonou para seu auxiliar, o terceiro sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, para que ele procurasse um policial civil do DF que teria contatos com Arruda para lhe mandar um recado urgente: "Ir lá no Arruda e fazer desmentir aquele negócio do nosso amigo. [...] Desmentir aquilo que ele falou, entendeu?"

Dadá indagou se estava se referindo ao "Gordinho", apelido que ele dá a Demóstenes, e Cachoeira confirmou que Demóstenes estava ao lado dele naquele momento.

"Fala para ele [Arruda] que ele [Demóstenes] tá puto com ele porque foi falar essa mentira aí. Vai bater em público se ver ele, viu?"

Dias depois, Dadá contou a Cachoeira que esteve com um contato que se comprometeu a ir até a casa de Arruda e dar o recado. Os telefonemas interceptados pela PF não deixam claro se Arruda recebeu o pedido. Procurado ontem, o ex-governador não foi localizado para comentar.

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