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CACHOEIRAGATE/INVESTIGAÇÃO

Grupo tinha ramificação no exterior, diz PF

Escutas telefônicas mostram aliados de Cachoeira negociando cadastro de clientes para jogar em site do Caribe

Polícia aponta também relação de investigados com navio-cassino ancorado na região de Palm Beach, na Flórida

NATUZA NERY
DIMMI AMORA
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

O grupo comandado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tinha ramificações no exterior, onde abriu empresas e lavou dinheiro, diz a Polícia Federal.

Escutas telefônicas obtidas pela Folha mostram o grupo trabalhando para cadastrar clientes de bingos clandestinos de Brasília para jogarem num site do grupo com sede em Curaçao, país do Caribe.

Para cada jogador cadastrado, o grupo estava disposto a pagar até 40% do arrecadado ao bingueiro de Brasília.

Segundo a PF, o site internacional foi montado no meio do ano passado em sociedade com o argentino Roberto Coppola, que auxiliou o grupo a criar empresas na Argentina e no Uruguai para administrarem o negócio.

Num relatório, a polícia aponta que essas empresas serviam para mandar ilegalmente para fora do país o lucro da organização.

NAVIO-CASSINO

As gravações também apontam que operadores de Cachoeira conheciam detalhes de um navio-cassino ancorado na região de Palm Beach, na Flórida, o Palm Beach Princess.

Segundo site especializado, o navio chegava a receber 470 mil pessoas ao ano.

Um dos sócios do navio é Mauro Sebben, com quem integrantes do grupo de Cachoeira mantiveram contatos por e-mail, interceptados pela PF.

Em um deles, Sebben indica o número de uma conta bancária para a realização de um depósito, sem mencionar valores.

O navio-cassino faliu no ano passado, mas um dos advogados de Miami que cuidou do processo disse à Folha que o nome de Carlinhos Cachoeira aparece em documentos como tendo emprestado US$ 250 mil (R$ 469,5 mil) para que Sebben pudesse arrendar máquinas de jogos.

De acordo com a investigação, o dinheiro do grupo tinha vários caminhos até chegar ao exterior, entre eles empresas fantasmas de Foz do Iguaçu (PR), na Tríplice Fronteira, para onde foram encaminhados pelo menos R$ 500 mil, em 2010, provenientes da Alberto e Pantoja.

A Pantoja era uma firma que receberia exclusivamente recurso da empreiteira Delta, acusada pela PF de participação no esquema.

Há também diálogos que mostram que o grupo enviava recursos por meio de um doleiro de Anápolis (GO) para contas em paraísos fiscais como Liechenstein e Irlanda, ambos na Europa.

Ontem, a reportagem não conseguiu localizar Coppola e Sebben.

A defesa de Carlinhos Cachoeira tem dito que ele não vai se manifestar sobre questões pontuais, pois o caso está sob segredo de Justiça e as informações estariam sendo vazadas à imprensa fora de seu contexto.

Colaboraram RUBENS VALENTE, ANDREZA MATAIS, CATIA SEABRA e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, de Brasília

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