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Serra dá palestras remuneradas a empresários

Sem cargo público desde 2010, pré-candidato tucano diz que eventos são seu 'ganha pão'

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
PAULO GAMA
DE SÃO PAULO

Associações empresariais pagaram para que o ex-governador José Serra (PSDB) fizesse palestras a seus associados nos últimos meses, depois de ele ter anunciado sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo.

Ontem, o tucano se apresentou a empresários em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) em palestra contratada pela Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado).

Serra se recusou a revelar o valor recebido por se tratar de um contrato particular. "Não, não falo [a remuneração]. Isso é uma coisa [combinada] entre particulares. Mas não é nada extraordinário. Quem dera fosse", disse.

A federação afirmou que o evento já estava marcado desde antes de o tucano oficializar sua pré-candidatura.

Segundo a campanha de Serra, ele tem feito tanto palestras remuneradas quanto gratuitas. As que proferiu neste mês na ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado), por exemplo, não foram remuneradas, de acordo com as duas entidades.

Serra afirmou não saber ao certo de quantos encontros participou desde o ano passado. "Tenho feito dezenas delas. [O número] varia muito. Semana passada foram duas ou três, mas tem semana que não tem nenhuma", afirmou ontem.

Sem cargo público desde 2010, quando sofreu sua segunda derrota em campanha presidencial, Serra abriu uma empresa de "elaboração de palestras, artigos e cursos" no ano seguinte. Ontem, ele afirmou que as palestras se tornaram o seu "ganha pão".

APOSENTADORIA

A assessoria de Serra diz que elas são uma forma de ele complementar a aposentadoria que recebe como ex-professor da Unicamp -onde deu aulas de economia entre 1978, quando voltou do exílio, e 1983, ano em que assumiu a Secretaria de Planejamento do governo de Franco Montoro.

A assessoria do ex-governador não informou o valor atual do benefício, mas também disse não se tratar de nada extraordinário.

Já o principal adversário de Serra na disputa pela prefeitura, o petista Fernando Haddad, recebe do partido um salário equivalente ao que tinha no Ministério da Educação, de R$ 26,7 mil mensais, desde que deixou o cargo, em janeiro. O ex-ministro é atualmente funcionário do diretório municipal da sigla.

A prática de contratar pré-candidatos já havia sido usada pelo partido quando Dilma Rousseff deixou a Casa Civil do governo federal para disputar a Presidência.

Dilma recebia, como assessora do partido, cerca de R$ 10 mil mensais, valor próximo ao salário de um ministro de Estado à época.

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