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Polícia suspeita de 'encomenda' em morte de jornalista

Repórter de política do jornal 'O Estado do Maranhão' foi morto com seis tiros em restaurante de São Luís

Secretaria de Segurança diz que pistola usada é de uso exclusivo da Polícia Militar e fala em ação de profissionais

JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

A Secretaria de Segurança do Maranhão suspeita que a morte do jornalista e blogueiro Décio Sá, 42, tenha sido "encomendada" e executada por profissionais. A pistola usada no crime foi apontada como sendo uma.40, de uso exclusivo da Polícia Militar. Até ontem, nenhum suspeito havia sido identificado.

O jornalista foi morto com seis tiros na noite de anteontem, em um restaurante da orla de São Luís.

Repórter de política do jornal "O Estado do Maranhão", que pertence à família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), Sá mantinha havia cinco anos um dos blogs mais acessados do Estado.

Nele veiculava textos sobre crimes e cotidiano. Na política, alinhava-se a Sarney.

A polícia afirma que vai checar o blog para apurar se algum texto pode ter motivado o crime. Em algumas postagens, Sá falou da atuação de pistoleiros no Maranhão. O Disque-Denúncia está oferecendo R$ 100 mil por informações sobre o crime.

Sá era cliente regular do restaurante onde morreu. Segundo a polícia, isso sugere que o atirador conhecia a rotina da vítima. Várias pessoas viram quando um homem saiu do banheiro e disparou contra Sá, que estava sozinho e falava ao celular.

O assassino havia chegado de carona numa moto. Após atirar, voltou para o veículo, onde um cúmplice o esperava, e fugiu. A polícia suspeita que o atirador não é do Maranhão porque não se preocupou em cobrir o rosto.

Sarney -que recebeu ontem alta do Hospital Sírio-Libanês, onde passou por uma angioplastia- classificou o assassinato como uma "covardia" que não pode ficar impune. "Seu assassinato, além de uma atrocidade, é um atentado à democracia."

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) disse que este é o quarto assassinato de jornalista em 2012. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas, entidade com sede em Nova York, disse que o Brasil lidera, na região, o ranking de jornalistas assassinados.

Sá foi enterrado ontem em São José de Ribamar.

Ele foi correspondente da Folha em São Luís na década de 1990. Anos depois, já fora do jornal, se envolveu em polêmicas com a Folha.

Em 2009, ele detalhou no blog os passos do jornalista Hudson Corrêa, que foi a São Luís elaborar reportagem sobre a Fundação Sarney. Sá publicou um vídeo do repórter quando ele consultava investigação do Ministério Público.

Nas eleições de 2010, Sá publicou telefone e foto da repórter Elvira Lobato, que foi ao Maranhão apurar suposta compra de votos por pessoas ligadas à campanha de Roseana Sarney (PMDB). Após a divulgação, a repórter passou a receber ameaças e ofensas.

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