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Cachoeiragate / Investigações

Cachoeira negociou compra de partido

Gravações de conversas do empresário feitas pela PF indicam que assédio do grupo recaía sobre nanicos PRP e PRTB

Diálogos citam o nome de Perillo e de assessor de Agnelo e mencionam pagamento de R$ 200 mil para controlar sigla

FERNANDO MELLO
BRENO COSTA
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

O empresário Carlos Cachoeira, acusado de corrupção e suspeito de comandar uma rede de jogo ilegal, negociou a compra do controle de um partido político, conforme indicam gravações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo.

Uma sequência de diálogos ocorrida em maio de 2011 faz referência ao negócio e cita o nome do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o de um assessor do governador Agnelo Queiroz (PT-DF).

No dia 5 daquele mês, apontam os grampos, Cachoeira havia jantado com Perillo na casa do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).

No dia seguinte, Cachoeira conversa com Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran-GO, que também participara do encontro.

"O partido que o Marconi falou ontem é o P de pato, R, P de pato?", pergunta Cachoeira, se referindo ao nanico PRP (Partido Republicano Progressista).

Cachoeira prossegue: "O cara de Brasília, que eu ajudei muito na campanha, é do partido. (...) Hoje é chefe de gabinete do Agnelo."

O empresário se refere ao então chefe de gabinete do governador petista, Cláudio Monteiro, que foi candidato a deputado distrital pela sigla, em 2010. O tio dele é presidente do PRP em Brasília.

PESQUISA

Três dias depois desse diálogo, Cachoeira fala com o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, apontado como o araponga do grupo, que sugere contato com outro nanico, o PRTB.

"Lá é o Levy Fidelix o presidente. Aí alguém tem que ligar lá pra falar pra ele vir a Brasília", diz Dadá.

No mesmo dia, Cachoeira pede para o ex-vereador Wladimir Garcez, apontado pela PF como seu assessor e contato direto do grupo com Perillo, mandar mensagem "para o nosso maior", perguntando "se é bom pegar o PRTB."

No dia 16 de maio, Dadá diz a Cachoeira que Levy Fidelix, do PRTB, chegaria a Brasília para tratar do assunto.

Um dia antes, no entanto, Cachoeira havia manifestado estar "de olho" no PRP e que o objetivo era "tomar o partido".

O atual presidente da sigla em Goiás, Jorcelino Braga, se filiou à legenda em setembro, quatro meses após o diálogo.

Em outros grampos da PF naquele mesmo mês aparecem menções a valores a serem pagos a um partido, não identificado. Em um deles, Dadá informa a Cachoeira ter conversado com um advogado, que teria aumentado o preço da transação, de R$ 200 mil para R$ 300 mil.

"Que que isso? Está roubando", reclama Cachoeira. Dadá diz que, feito o pagamento, Cachoeira poderia nomear o presidente estadual e, posteriormente, os diretórios municipais, ficando com o controle da sigla. Cachoeira diz para oferecer R$ 150 mil, podendo chegar a R$ 200 mil.

Colaborou LÚCIO VAZ, de Brasília

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