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Deputado usou cargo para agilizar vistos do grupo de Cachoeira

Gravação mostra que empresário acionou Leréia para obter autorização para a sogra

LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Gravações feitas pela Polícia Federal apontam que o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) usou o prestígio do cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara para agilizar a emissão de vistos internacionais a pedido do grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal, acionou Leréia para conseguir um visto para sua sogra Meire Alves Mendonça e uma babá viajar aos EUA no ano passado.

O tucano também teria obtido vistos para familiares do ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB), apontado como operador do esquema. Leréia é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal que apura suas ligações com Cachoeira.

As gravações obtidas pela Folha mostram Cachoeira celebrando a posse do deputado como presidente da comissão de Relações Exteriores em 2 de março de 2011: "Você agora é o homem dos vistos, é?".

O deputado brinca e cita o episódio envolvendo os passaportes aos filhos do ex-presidente Lula. "Rapaz, o primeiro que quero chamar é o Lula pra depor. Aquele negócio dos vistos dos filhos dele. Vou falar 'o Lula vem cá, vamos fazer um acordo'. O pessoal perguntou se falo inglês, falei 'estudei junto com o Lula, somos colegas de turma'".

Às 17h10 de 27 de abril, Leréia e Cachoeira comentam a emissão do visto de Meire Mendonça, mãe de Andressa, sua mulher. "Quando que ela tem a viagem dela, tá previsto pra quando?", questionou Leréia. "Você põe aí Leréia a viagem dela quando liberar o visto aí", disse Cachoeira.

O deputado disse: "Vou antecipar pra ela aqui. 9 de maio não sei se dou conta, vou viajar. A data do dia 20 de maio dou conta. Tá bom né?". No mesmo diálogo o deputado cita o visto da filha de Wladimir Garcez: "A do Wladimir também tô resolvendo dele aqui".

Cachoeira respondeu que, como a filha de Garcez já tinha conseguido o documento, era preciso cuidar do visto de sua sogra e da babá Elisângela. Leréia deixou a presidência da comissão no mês passado.

Segundo as gravações, Leréia é suspeito de ter recebido R$ 25 mil de Cachoeira. Num diálogo o empresário chega a passar os números de seu cartão de crédito ao deputado.

Leréia disse que não vai se manifestar enquanto não tiver acesso à integra do inquérito.

A defesa de Cachoeira não foi localizada para comentar o assunto. Os advogados do empresário têm evitado se pronunciar sobre os diálogos sob a alegação de que foram captados de maneira ilícita.

Colaboraram BRENO COSTA, FERNANDO MELLO E LÚCIO VAZ, de Brasília

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