Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Governo vê medida como o novo Plano Real

Queda de juros é tratada de forma estratégica pelo Planalto, que enxerga paralelo com o plano de estabilização da economia

Meta de baixar taxa real para 2% ao ano vem da época em que presidente chefiava a Casa Civil do governo Lula

DE BRASÍLIA

A derrubada dos juros para o que sua equipe chama de "patamares de Primeiro Mundo" era um desejo da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. Segundo pessoas próximas, é agora a obsessão da presidente.

O tema é tratado estrategicamente. O marqueteiro da campanha de Dilma, João Santana, foi o responsável pelo duro pronunciamento contra os juros dos bancos privados anteontem.

Apesar do embate público -o de maior intensidade entre um presidente e bancos na história recente-, na equipe econômica a meta é vista como o "Plano Real" de Dilma, numa referência ao programa de estabilização da economia adotado no governo Itamar Franco que elegeu Fernando Henrique Cardoso, seu idealizador, presidente.

A pedido de Dilma, técnicos do Ministério da Fazenda e do Banco Central fecharam com o ministro Guido Mantega na quinta o cardápio de propostas para mudar o rendimento da poupança, parte da estratégia para a redução dos juros.

A meta dilmista é de juros reais na casa dos 2%. Nos EUA, a taxa real é negativa.

Nas palavras de um técnico do governo, agora a decisão sobre a melhor alternativa e quando será encaminhada está com a presidente.

Por determinação dela, a discussão sobre a rentabilidade da poupança dominou os trabalhos na equipe econômica nos últimos dias.

No ano passado, quando o presidente do BC, Alexandre Tombini, traçou um cenário de queda de juros que se prolongaria até 2012, Dilma montou a estratégia de forçar os bancos privados a também reduzir suas taxas.

Nas últimas semanas, bancos públicos como Banco do Brasil e Caixa baixaram várias taxas, como as do cheque especial, levando a um movimento semelhante no mercado privado.

Na semana passada, ela comemorou com aliados o resultado de sua estratégia e prometeu intensificar a pressão sobre os banqueiros -o que acabou sendo feito no pronunciamento de 1º de Maio.

Entre as propostas fechadas pela equipe econômica, uma delas prevê que a caderneta de poupança passe a ser corrigida com base num percentual da taxa Selic, que poderá ser de 80%.

Considerada por alguns técnicos como uma alternativa simples e de fácil compreensão pela sociedade, essa proposta poderia ser introduzida por meio de uma medida provisória ou com o apoio do governo a um projeto já apresentado pelo deputado Sibá Machado (PT-AC).

A ideia é que a mudança passe a valer apenas para as novas contas de poupança e que tenham saldo acima de determinado valor, a ser fixado entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.

Outra proposta prevê a extinção da TR e do juro fixo de 6,17% ao ano e a criação de diferentes faixas de remuneração, podendo chegar a nove, dependendo da Selic.

Há ainda quem defenda a alternativa colocada durante o governo Lula de passar a cobrar Imposto de Renda nas cadernetas com saldo acima de R$ 50 mil.

(VC E SA)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.