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Produção industrial recua 3% e confirma início de ano fraco

Concorrência com importados e estoques altos afetam setor; atividade nas fábricas encolheu 0,5% em março

Para economista, resultado reforça chance de que taxa básica de juros caia ainda mais

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

A produção industrial seguiu fraca no primeiro trimestre do ano.

A atividade nas fábricas encolheu 3% de janeiro a março, em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o IBGE, ainda reflexo da concorrência com importados e estoques elevados.

O resultado confirma o mau momento do setor, que registra resultados negativos desde o segundo trimestre do ano passado, e indica que a recuperação da economia em 2012 está mais lenta do que o esperado.

Em relatório, o economista Aurélio Bicalho, do Banco Itaú, afirma que para a economia acelerar mais fortemente é necessário que a indústria volte a crescer.

"Nossa expectativa é que isto aconteça, dados os estímulos ao crescimento implementados. No entanto, avaliamos que aumentou a chance de uma retomada, nos próximos trimestres, em intensidade menor do que o antecipado", escreveu.

Em março, a produção recuou 0,5% em relação a fevereiro. Dezoito dos 27 segmentos pesquisados registraram recuo na produção. Apesar da recuperação do setor de veículos (alta de 11,5% no mês)-depois de dois meses de resultado negativo-, isso pode não ser um sinal de melhora.

Dados de abril indicam que os estoques no setor-que responde por 11% da produção da indústria e tem uma cadeia importante de fornecedores-seguem elevados.

"O licenciamento de veículos manteve-se fraco no mês passado, e os estoques elevados indicam a possibilidade de novo enfraquecimento da atividade industrial no início do 2º trimestre", diz Bicalho.

Diante deste resultado, economistas passaram a prever que o PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre pode ter sido menor do que o esperado.

O Bradesco manteve projeção de 0,7% de crescimento ante o 4º trimestre, mas com possível revisão para baixo. A LCA Consultores projeta expansão de 0,5% para o 1º trimestre. O número sugere uma retomada em ritmo lento.

JUROS EM QUEDA

O resultado reforçou as apostas de baixa da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 9% ao ano. Além da atividade fraca, o governo anunciou alteração de regras da poupança que devem permitir redução da taxa básica.

No mercado de juros futuros, as apostas para a taxa em janeiro de 2013 caíram de 8,15% (ontem) para 8,11%.

"Se a atividade permanecer fraca do que jeito que tem se mostrado, os juros podem ir a 8% ou até para menos do que isso", disse o economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Sekular Investimentos e ex-diretor do BC.

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