Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise política econômica

Aumenta incerteza sobre trajetória dos juros

Pesquisa do Banco Central entre economistas de bancos e consultorias mostra previsões de Selic entre 7,75% e 11,5% em 2013

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Após a alteração das regras da caderneta de poupança, a incerteza de investidores e analistas quanto ao futuro dos juros do Banco Central atingiu um novo pico no governo Dilma Rousseff.

Segundo pesquisa divulgada ontem, a aposta central do mercado passou a ser a de mais uma redução dos juros no final deste mês, dos atuais 9% para 8,5% ao ano -percentual que será mantido até voltar a subir em março do próximo ano.

Nesse cenário, a taxa do BC, que serve de base para o rendimento das aplicações financeiras e para o custo dos financiamentos bancários, chegaria aos menores patamares da história, mas só até a economia do país retomar um ritmo mais acelerado.

Uma análise dos números revela, no entanto, que o consenso em torno dessa trajetória está entre os mais baixos já apurados entre economistas de bancos e consultorias.

Há quem preveja um afrouxamento mais radical da política monetária, com juros de 7,75% dentro de 12 meses; outros projetam taxa de 11,5% em maio do próximo ano.

Entre um extremo e outro, a dispersão das expectativas está em alta. Medido pelo BC, o coeficiente de variação, ferramenta estatística que mede o grau de desvio das previsões em relação à média, está em 9,2%.

Trata-se do nível mais alto desde que, em agosto do ano passado, o BC surpreendeu ao substituir, sem transição, uma política de elevação dos juros por uma de redução. A decisão, inédita, levou o coeficiente a 9,8%.

Desta vez, o que eleva a desorientação dos especialistas é a alteração, anunciada na semana passada, da regra de remuneração da poupança.

Até então, os 6% anuais garantidos por lei às cadernetas eram tidos como barreira para o corte dos juros do BC. Se eles caíssem abaixo do piso histórico de 8,75%, calculava-se, as demais aplicações perderiam recursos para a poupança, que é isenta de impostos.

Retirado o obstáculo, o mercado tem de fazer a releitura dos documentos muitas vezes enigmáticos utilizados pelo BC para explicar suas decisões e os próximos passos da política monetária.

Em março, por exemplo, a instituição dizia ver uma "elevada probabilidade" de juros estabilizados "ligeiramente acima dos níveis históricos". Mas, no mês passado, ao fixar a taxa nos esperados 9%, mencionou a inesperada possibilidade de mais cortes.

No governo Dilma, o BC se tornou mais imprevisível por deixar de seguir ao pé da letra procedimentos adotados desde o início do regime de metas de inflação, em 1999 -os juros, por exemplo, caem mesmo com o IPCA acima dos 4,5% prometidos.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.