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Cachoeiragate/Relações

Perillo agiu para evitar ruptura com empresário

Grampos revelam que governador atuou para se manter próximo de Cachoeira

Diálogos mostram que tucano pediu encontro com investigado; Perillo afirma que situações não existiram

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

Uma sequência de diálogos interceptados por um mês pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostra o esforço do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em se aproximar e manter boas relações com Carlos Augusto Ramos, o empresário Carlinhos Cachoeira.

As conversas ocorreram de julho a agosto de 2011 e relatam queixas sobre contratos do governo, ameaças de ruptura, promessas de vantagens, pedidos de Perillo por encontros com Cachoeira e a nomeação de oito pessoas indicadas pelo empresário.

O governador diz que as situações nunca aconteceram.

Os diálogos também mostram que o arrefecimento da tensão relatada nas conversas coincide com empréstimo de R$ 600 mil, por meio de empresa-fantasma, para Jayme Rincón -braço direito do governador, porta-voz informal do governo e ex-tesoureiro da campanha do tucano.

Pelas conversas, Cachoeira tinha três porta-vozes junto a Perillo: o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o ex-vereador tucano Wladimir Garcez e o ex-presidente do Detran Edivaldo Cardoso. Segundo a PF, Cachoeira atuava em nome da Delta Construções.

Tudo começa em 12 de julho de 2011, quando Cachoeira pede para interlocutores avisarem Perillo que ele estava abandonando o governo. A insatisfação envolvia a divisão de percentuais em obras da Agetop, agência de obras do governo de Goiás.

No dia 13, Demóstenes se reúne com Perillo no Palácio das Esmeraldas como porta-voz da revolta de Cachoeira.

O senador relata o encontro ao empresário, dizendo que o governador "já tomou providências" e que trocaria o comando da condução do negócio. "Ele disse que vai sentar com você e pôr você para coordenar lá."

Por volta das 16h do mesmo dia, Edivaldo Cardoso se encontra com Perillo. O recado que chega a Cachoeira é claro: "[O governador] mandou parar tudo e disse que quem vai liderar [a obra] é você", relata Cardoso.

No dia 14, contudo, a crise se agrava depois que Perillo, em discurso público, cita a Delta para dizer que em seu governo não existe conluio.

No dia 15, Cardoso dá recado a Cachoeira. "Ele disse que houve mal-entendido e que ele quer falar com você."

O encontro seria em seis dias. Na véspera, dia 20, oito indicados por Cachoeira para cargos comissionados no governo foram nomeados.

Uma semana depois, Cachoeira empresta R$ 600 mil a Rincón. Os diálogos não deixam clara a razão do repasse, mas a crise acaba.

Colaboraram LEANDRO COLON e FERNANDO MELLO, de Brasília

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