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Cachoeiragate

Senador usa verba para comprar reportagens

Presidente da CPI usou R$ 41 mil do Senado para pagar jornalistas por publicações favoráveis em veículos da Paraíba

'Divulgo o parlamentar durante o programa, ganho para isso', diz radialista; Vital do Rêgo nega irregularidades

Sergio Lima-22.mai.12/Folhapress
O peemedebista Vital do Rêgo, na terça, em reunião da CPI
O peemedebista Vital do Rêgo, na terça, em reunião da CPI

FILIPE COUTINHO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

Presidente da CPI do Cachoeira e corregedor do Senado, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) usa dinheiro público para a compra de reportagens a seu favor em veículos de seu Estado.

Três jornalistas, de rádios e sites da internet, disseram à Folha que recebem dinheiro da verba indenizatória do senador para publicar reportagens que seu gabinete encaminha ou produz. Os ouvintes e leitores não são informados de que o material é pago pelo senador.

Conforme a Folha revelou na terça, um outro jornalista presta o mesmo serviço para o senador e recebe por meio de sua filha, uma funcionária-fantasma do gabinete de Rêgo que se diz coautora do hit "Ai Se Eu te Pego".

Desde que assumiu o mandato em 2011, Rêgo já repassou R$ 41 mil para os outros três jornalistas. O congressista tem uma cota mensal de R$ 15 mil para gastos com o exercício do mandato. Ele nega irregularidade na ação.

"O pagamento só é feito quando a empresa, além da nota fiscal, manda o comprovante das matérias. Mensalmente a assessoria [de Rêgo] pede o envio das notas", afirmou o jornalista Heron Cid, do "Blog Mais PB".

Paulo Roberto Florêncio diz que recebe para divulgar as informações. "Sou jornalista, tenho um programa de rádio e faço a divulgação do parlamentar durante o programa. Ganho para isso."

Sílvio Romero, radialista, disse que recebe o dinheiro para divulgar material "emitido" pela assessoria de Rêgo.

As operações são legais, embora a o código de ética da ANJ (Associação Nacional dos Jornais) proíba a prática.

Vital do Rêgo afirmou que "não usa a verba indenizatória para a publicação de matérias favoráveis" a ele e aconselhou a Folha a investigar o que os demais senadores fazem com o dinheiro. As empresas, segundo ele, são contratadas para "promover a divulgação" do seu mandato.

Em 2003, a Folha revelou que o então governador do Paraná Jayme Lerner comprou R$ 6,4 milhões em supostas reportagens publicadas na imprensa do Paraná.

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