Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CPI adia outra vez ação contra governadores

Comissão decidiu, entretanto, ampliar a quebra do sigilo da Delta, acusada de atuar como braço financeiro de Cachoeira

Relator afirma que comissão irá investigar apenas dados que tenham relação com o grupo suspeito

ANDREZA MATAIS
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

Integrantes da CPI do Cachoeira ampliaram ontem a a quebra dos sigilos fiscal, financeiro e bancário da empreiteira Delta, mas voltaram a adiar a investigação de governadores que teriam relações com o grupo do empresário Carlos Augusto Ramos.

A convocação dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) pode entrar na pauta da CPI hoje, mas a tendência é de que seja derrubada.

O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), irá encaminhar voto contrário.

O PT não irá insistir na convocação de Perillo, suspeito de ter recebido dinheiro do grupo de Cachoeira pela venda de uma casa em Goiânia.

O tucano nega relação financeira com o empresário. O PT e demais aliados não veem razão em investigar, por ora, os demais governadores, que são de partidos da base.

Cabral é amigo pessoal do presidente licenciado da Delta, Fernando Cavendish, e contratou a empresa sem licitação. Já Agnelo, segundo a Polícia Federal, teria nomeado em seu governo pessoas que mantinham contatos com o grupo. Ambos também negam irregularidades.

Para adiar o pedido de convocação, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI, disse que consultaria a assessoria jurídica da CPI para saber se governadores podem ser investigados ou mesmo convocados. Segundo o PMDB, haveria risco ao "princípio federativo".

DIVISÃO

Inicialmente contrário a ampliar a investigação sobre a empreiteira Delta, o PT, que tem três integrantes na comissão, votou rachado.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi contra a aprovação do requerimento da oposição que irá permitir à CPI ter acesso a dados nacionais sigilosos da Delta de janeiro de 2003 até agora. Odair Cunha votou a favor.

A CPI já havia quebrado os sigilos da empreiteira no Centro Oeste. Os dados, porém, podem não ser usados. O relator já afirmou que sua investigação será focada em pessoas que foram corrompidas por Cachoeira.

O PMDB, que preside a CPI, tentou limitar a quebra do sigilo da Delta às contas relacionadas ao esquema Cachoeira, mas não conseguiu.

Para a Polícia Federal, a Delta foi um dos braços financeiros de um esquema ilegal comandado por Cachoeira. A empresa repassou ao menos R$ 40 milhões para firmas fantasmas que podem ter abastecido campanhas.

A assessoria de imprensa da Delta informou que a nova gestão "assumiu a empresa no dia 14 de maio e já iniciou um rígido processo de auditoria."

De acordo com a assessoria, "qualquer investigação externa, realizada pelos órgãos públicos competentes, irá colaborar com esse processo de forma a deixar claro procedimentos adotados na antiga gestão da empresa."

Ontem, a CPI aprovou também a convocação de Heraldo Puccini, diretor da Delta na região Sudeste. O pedido partiu do PT, que alega haver obras superfaturadas da empresa no governo paulista, comandado pelos tucanos.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.