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Cachoeiragate

Demóstenes nega lobby para Cachoeira

Ao Conselho de Ética senador disse que queria 'testar' o 'amigo' quando o alertou sobre uma operação da PF

'Peço que eu seja julgado pelo que eu fiz, não pelo que eu falei que iria fazer', afirmou Demóstenes aos colegas

Sergio Lima/Folhapress
O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) depõe no Conselho de Ética do Senado; o processo por quebra de decoro pode resultar em sua cassação
O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) depõe no Conselho de Ética do Senado; o processo por quebra de decoro pode resultar em sua cassação

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Em depoimento ontem ao Conselho de Ética do Senado, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) negou ter usado o mandato para fazer lobby para o empresário Carlinhos Cachoeira.

Ele disse ter informado o "amigo" com antecedência sobre operação da Polícia Federal para "testar" se Cachoeira tinha atividades ilegais.

O depoimento foi a primeira fala de Demóstenes no processo sobre quebra de decoro, que pode resultar na cassação de seu mandato. Para tanto, ele precisa ser condenado no conselho e em votação secreta no plenário. Não há prazo para isso.

Demóstenes chegou ao conselho de cabeça erguida e cumprimentou os membros da mesa. Disse estar em depressão, tomando remédios desde o início das denúncias.

Ele afirmou que vive o "pior momento" de sua vida, mas que tem "vergonha na cara" e, por isso, demorou um mês para voltar ao Senado e "ter coragem de olhar" os para colegas. Disse ainda ter redescoberto Deus.

Acompanhado de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o senador procurou rebater todas as suspeitas em duas horas de fala. Depois, por mais três horas, respondeu perguntas de colegas.

Demóstenes disse ser vítima de uma "operação orquestrada" por policiais e procuradores para prejudicá-lo. Afirmou que os investigadores adulteraram áudios e vazaram trechos das apurações de forma seletiva.

Ele também negou ter recebido dinheiro de Cachoeira ou feito lobby para ele ou pela legalização de jogos de azar. Mas admitiu ter atuado pela Vitaplan, indústria farmacêutica de Cachoeira, como fazia com "várias empresas" de Goiás.

TESTES

"Que lobista sou eu que nunca procurei nenhum colega senador para discutir sobre legalização de jogos? Eu peço que eu seja julgado pelo que eu fiz, não pelo que eu falei que iria fazer", apelou.

Sobre a gravação em que foi flagrado avisando Cachoeira de uma operação policial, Demóstenes disse que fazia "testes" com o empresário para confirmar se ele havia deixado a ilegalidade.

"Eu joguei verde em cima dele. Eu disse que tem operação conjunta da PF com o Ministério Público que nunca se realizou e nunca foi cogitada. Ainda assim, eu fazia esses testes com ele."

Para sustentar a versão de que não sabia da atuação de Cachoeira, de quem afirmou ser amigo, disse que tomou conhecimento só em março de "ilícitos" do empresário -preso por explorar esquema de jogo ilegal, lavagem de dinheiro e corrupção.

Um dos argumentos a favor da cassação de Demóstenes é a sua suposta mentira em plenário sobre o desconhecimento das atividades de Cachoeira.

No depoimento de ontem, Demóstenes confirmou que Cachoeira lhe deu um rádio Nextel citado como antigrampo. As contas, também pagas por Cachoeira, variavam de R$ 30 a R$ 50 por mês. O senador reconheceu que a atitude foi um "erro".

Colaborou ERICH DECAT, de Brasília

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