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Novo tombo da indústria reforça sinais pessimistas

Produção industrial atingiu em abril nível 2,9% inferior ao de um ano atrás

Restrições na oferta de crédito e esfriamento da atividade econômica em outros países fazem a produção se contrair

PEDRO SOARES
DO RIO

A produção da indústria brasileira voltou a se contrair em abril, constrangida pelas restrições na oferta de crédito ao consumidor e pelo esfriamento da atividade econômica nos principais parceiros comerciais do país.

Estatísticas divulgadas ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a produção da indústria caiu 0,2% em abril, atingindo nível 2,9% inferior ao de um ano atrás.

O novo tombo da indústria amplia o pessimismo sobre o desempenho da economia brasileira, que desacelerou no segundo semestre do ano passado e encontra dificuldades para voltar a crescer.

O IBGE divulga hoje os números do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano. Projeções de bancos e consultorias sugerem que a economia cresceu algo em torno de 0,5% no período.

O que mais contribuiu para a queda na indústria foi o desempenho da produção de bens duráveis como carros, eletrodomésticos e celulares, que dependem especialmente da oferta de crédito.

A produção dessa categoria caiu 10,3% nos primeiros quatro meses deste ano, contraindo-se num ritmo mais intenso do que o observado nos últimos quatro meses do ano passado, segundo o IBGE.

"Há claramente uma trajetória de declínio da produção, num movimento bastante disseminado entre os setores", disse André Macedo, gerente responsável pela pesquisa industrial do IBGE.

Apenas 42% dos produtos pesquisados pelo IBGE viram sua produção crescer em abril, pior marca registrada desde outubro de 2009, quando o país sofria com os efeitos da crise iniciada em 2008.

A produção de máquinas e equipamentos caiu 9,8% de janeiro a abril, em relação aos quatro meses anteriores, refletindo a falta de disposição dos empresários para fazer novos investimentos.

Para André Macedo, a indústria sofre com a redução do consumo, resultado do elevado endividamento das famílias e do acúmulo de estoques em vários setores.

O receio de demissões da indústria automobilística, que acumulava estoques de quase dois meses, e o temor de PIB mais fraco neste ano fizeram o governo atender ao pleito do setor e reduzir o IPI para veículos neste mês.

Mas especialistas não esperam que a medida tenha o mesmo impacto de 2009, quando a desoneração impulsionou o setor e impediu uma forte queda do PIB.

"O incentivo fiscal se justifica porque a indústria automobilística e toda sua cadeia de fornecedores representa cerca de 25% da indústria", disse o economista Mauro Rochlin, professor do Ibmec.

Rogério Souza, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirmou que "boa parte" do desejo dos consumidores de comprar bens duráveis já foi atendido nos últimos anos, o que também explica a queda no primeiro quadrimestre.

No caso de eletrodomésticos da linha branca, como fogões e geladeiras, porém, a redução de IPI válida desde o fim de 2012 surtiu efeito: a produção reagiu e cresceu 9% de janeiro a abril.

Embora a desvalorização do real em relação ao dólar tenha tornado os produtos brasileiros mais competitivos no exterior, falta quem queira comprá-los. "A crise tem reduzido a demanda externa e dificulta o acesso a alguns mercados", disse Macedo.

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