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PIB fraco mostra efeito prolongado da crise

Descrita como "marolinha" por Lula em 2008, crise internacional continua produzindo reflexos na economia brasileira

Ações tomadas pelo governo atenuaram recessão no início, mas crescimento voltou a perder vigor após 2010

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Quase quatro anos depois, caiu em desuso a tese celebrizada pelo ex-presidente Lula de que a crise econômica mundial teria no Brasil o efeito de uma "marolinha".

Na retomada vigorosa do ano eleitoral de 2010, a retórica do Planalto ainda podia sustentar, sem ser desmentida pelos resultados, que o país reunia condições especiais para escapar dos efeitos da turbulência global.

Já os dados do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, divulgados anteontem, evidenciam que o impacto pode não ter sido tão agudo como se temia, mas é mais duradouro do que se acreditava -e não está entre os menores nem entre os maiores sofridos pelas economias emergentes.

No período posterior ao agravamento da crise -2009 a 2012- o crescimento do PIB brasileiro caiu para uma média de 3,2% anuais, muito aquém das taxas de 5% para cima prometidas em discursos políticos e papéis oficiais.

No quadriênio anterior, de 2005 a 2008, a expansão da renda chegou a 4,6% ao ano, enquanto se comemorava a maior prosperidade desde que a inflação foi controlada pelo Plano Real, de 1994.

De antes para depois da crise, portanto, o Brasil sofreu uma perda de 30% em sua taxa de crescimento, um desempenho que coloca o país no pelotão intermediário dos emergentes.

Houve um tsunami -o outro extremo da metáfora de Lula- em países que até então ostentavam taxas de crescimento das mais vigorosas, casos de Rússia e Venezuela.

O PIB russo desabou em 2009 com a queda da produção e dos preços do petróleo.

Os demais membros do Bric -Índia e China- se saíram melhor, embora tampouco tenham ficado ilesos. Entre os principais latino-americanos, os melhores resultados são os do Chile.

As medidas de estímulo ao consumo adotadas pela administração petista conseguiram atenuar a recessão inicial e produzir uma forte aceleração, mas passaram a dar sinais de exaustão.

A continuidade da expansão do crédito é limitada pelo grau de endividamento e inadimplência das famílias. Também não existe mais o impulso da alta dos preços dos produtos agrícolas e minerais de exportação.

Entre as 24 maiores economias emergentes, o Brasil ocupava apenas a 20ª colocação no ranking do crescimento econômico antes da crise; agora, é o 15º, ainda no escalão de baixo.

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