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eleições 2012

Após boicote, PT já planeja campanha de Haddad sem Marta

Partido passa a contar com senadora apenas na TV; até aliados criticam ausência dela em ato público com Lula

'Não podemos mais parar a campanha à espera de uma ajuda que não vem', diz deputado Enio Tatto

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Depois do boicote de Marta Suplicy à festa de lançamento da pré-candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo, anteontem, o PT revisou seus planos e passou a projetar a campanha sem a presença da senadora.

A intenção do partido era escalar a ex-prefeita para acompanhá-lo em atos na periferia, onde ela usaria sua popularidade para mobilizar militantes e tornar o pré-candidato mais conhecido.

Agora, dirigentes da campanha e o próprio Haddad, em conversas reservadas, já descartam receber a ajuda dela nas ruas e contam apenas com a hipótese de convencê-la a aparecer na propaganda de TV, nos últimos 45 dias antes do primeiro turno.

A ausência de Marta no sábado foi interpretada como um recado final de que ela não superou a mágoa por ter sido preterida na escolha do candidato à prefeitura e decidiu não se mover em busca de votos para Haddad.

"Agora vamos tocar o barco sem ela. Não podemos mais parar a campanha à espera de uma ajuda que não vem", disse o deputado estadual Enio Tatto, integrante da coordenação de Haddad.

"Se ela não foi, paciência. Vamos tocar a campanha com o ex-presidente Lula", reforçou o líder do PT na Câmara, vereador Chico Macena.

"O gesto dela foi recebido como um desrespeito ao partido e à militância", disse o deputado estadual Simão Pedro, que comanda a agenda do pré-candidato.

Em conversas reservadas, Haddad tem reconhecido que a senadora não deve participar de sua campanha.

Ele passou a sustentar que sua aparição na TV poderia, ao menos, reduzir os danos da ausência dela nas zonas sul e leste da cidade, onde ela e o partido registram suas maiores votações.

Ontem, um dia depois de se dizer "chateado" com a falta de Marta ao ato de lançamento, o pré-candidato indicou que ela pode ser a mais prejudicada pela atitude.

"Foi uma festa muito bonita. Quem não pôde ir, perdeu", disse.

Sobre a ausência dela em suas idas à periferia, ele afirmou: "O PT é muito forte, é muito enraizado na cidade. Vamos estar com muita gente, muitos militantes, muitas lideranças comunitárias."

A atitude de Marta, que havia confirmado presença na festa e seria a última a discursar antes de Lula e Haddad, agravou sua situação de isolamento no partido.

Até os aliados que promoveram sua pré-candidatura em 2011, como os deputados federais José Mentor e Candido Vaccarezza, reprovaram a falta. Ela e sua assessoria não atenderam a reportagem.

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