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Casa de Perillo foi paga com dinheiro vivo, diz comprador

Empresário afirma à CPI que entregou R$ 1,4 milhão em pacotes de R$ 50 e R$ 100

Versão é a quarta apresentada sobre o tema; governador de Goiás fala que não há contradição na história

BRENO COSTA
ERICH DECAT
DE BRASÍLIA

O empresário Walter Paulo Santiago apresentou ontem à CPI do Cachoeira uma nova versão para a nebulosa venda de uma casa pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

O empresário afirmou ter comprado o imóvel por R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo, entregue em pacotes com notas de R$ 50 e R$ 100 a um assessor direto do tucano.

Essa é a quarta versão apresentada para a negociação da casa, onde estava o empresário Carlinhos Cachoeira ao ser preso pela Polícia Federal em fevereiro, durante a Operação Monte Carlo.

Na CPI, Perillo deverá ser questionado sobre suas relações com Cachoeira. O depoimento do governador tucano está agendado para a próxima terça-feira.

A versão de ontem junta-se à apresentada pela PF, a divulgada por Perillo e à sustentada pelo ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, suposto intermediário da compra e articulador político do grupo de Cachoeira. Todas as versões diferem entre si.

DINHEIRO VIVO

Dono de uma faculdade em Goiânia, Santiago disse ontem na CPI ter feito o pagamento em espécie a Lúcio Fiuza, assessor de Perillo, em julho do ano passado.

Com Fiuza, representando Perillo, estaria o ex-vereador Garcez, que pediu seguidos prazos para entregar o imóvel. O motivo, segundo Santiago, seria a presença Cachoeira no imóvel.

Fiuza e Garcez chegaram a assinar um recibo, disse Santiago, que não o apresentou à CPI. "Entreguei na minha casa os pacotinhos [de dinheiro]", afirmou.

Santiago não esclareceu a origem do dinheiro usado para a compra. Afirmou apenas que se tratava de empréstimo feito por seu contador.

"Eu paguei em dinheiro, e não sei nada de cheques", disse. Cheques aparecem nas versões de Perillo e de Garcez.

Segundo o governador, a transação foi feita com Santiago, por intermédio de Garcez, e o pagamento foi feito com três cheques que totalizavam R$ 1,4 milhão. Perillo nunca citou a participação do assessor Fiuza no negócio.

Os cheques descontados pelo governador foram emitidos pela empresa Excitant Confecções, de uma cunhada de Carlinhos Cachoeira, e uma das beneficiárias de dinheiro do esquema, conforme laudo da PF.

O governador tem afirmado que não atentou para os emitentes dos papéis.

Em depoimento à CPI no dia 24, Garcez fez um relato diverso.

Ele afirmou ter sido o comprador da casa, não o intermediário, tendo, para isso, obtido cheques emprestados com o grupo de Cachoeira.

Segundo ele, ao perceber que não tinha como quitar o empréstimo, decidiu procurar Santiago para que ele comprasse a casa.

O relator e o presidente interino da CPI dizem que a versão abre margem para a hipótese de Perillo ter recebido R$ 2,8 milhões pela casa: a soma do R$ 1,4 milhão de Santiago com o R$ 1,4 milhão em cheques.

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