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Investimentos caem com freio nos gastos de estatais

Contribuição de empresas controladas pela União é menor que no governo Lula

Petrobras aponta preço da gasolina, câmbio e exigência de conteúdo nacional como maiores entraves a seus projetos

GUSTAVO PATU
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Empresas controladas pelo Tesouro Nacional, em especial a Petrobras, frearam suas despesas com obras e projetos no governo Dilma Rousseff, o que contribuiu para a queda dos investimentos e do crescimento do país.

Mesmo liberadas da política oficial de controle de gastos, as estatais, que respondem por dois terços dos investimentos da União, ainda não retomaram o patamar de participação na economia que atingiram no fim do mandato do ex-presidente Lula.

De acordo com os dados mais atualizados, essas empresas destinaram, no primeiro quadrimestre deste ano, R$ 26,4 bilhões à ampliação da infraestrutura e da capacidade produtiva nacional, o equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).

Nos quatro meses iniciais de 2010, após sucessivas altas anuais, os investimentos das estatais em energia, aeroportos, portos e outros setores somavam 2,2% do PIB.

A diferença ajuda a explicar o agravamento do principal obstáculo apontado atualmente para a recuperação da economia brasileira: a escassez de investimentos necessários para expandir a oferta de bens e serviços.

De dois anos para cá, o investimento total no país caiu de 19,2% para 18,7% da renda nacional. No diagnóstico da equipe econômica, é preciso uma taxa de 25% para sustentar um crescimento do PIB vigoroso e duradouro.

No setor privado, as incertezas do cenário internacional são a principal causa da retração. Nas estatais, há problemas gerenciais, legais e até de política econômica.

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, já avisou Dilma que a empresa, a maior da América Latina, está com sua capacidade de aumentar investimentos comprometida por vários fatores.

O primeiro motivo é a defasagem no preço dos combustíveis diante do aumento dos custos da estatal. A concessão de reajustes, no entanto, é limitada pela necessidade de conter a inflação.

A escalada das cotações do dólar neste ano agrava o quadro, por que a estatal importa combustível e tem dívidas no exterior. O câmbio desfavorável praticamente anulou os efeitos da queda no valor do barril de petróleo nas últimas semanas.

CONTEÚDO NACIONAL

Outro empecilho é a dificuldade de fornecedores de cumprir cronogramas de entrega de navios e sondas por conta do elevado conteúdo local exigido.

Hoje, esse conteúdo deve ser de pelo menos 55%. O governo resiste a alterá-lo totalmente, mas deve fazer algumas concessões em produtos específicos para que as empresas nacionais tenham condições de cumprir as entregas acertadas.

A Petrobras espera uma solução para os dois casos até julho. Do contrário, pode ser obrigada a alterar seu plano de investimentos, que prevê aplicações de US$ 224 bilhões de 2011 a 2015.

O novo plano, prevendo investimentos de 2012 a 2016, deve sair nas próximas semanas. Segundo um assessor presidencial, sem reajuste nos preços dos combustíveis, será um plano "pé no chão", mais adequado à realidade de caixa da estatal.

No caso do sistema Eletrobras, o Palácio do Planalto foi informado de que a crise não está afetando seu plano de investimentos. O grupo pretende repetir neste ano o mesmo volume aplicado no ano passado, de R$ 10 bilhões.

Para alavancar projetos, o Ministério de Minas e Energia estuda a desoneração no preço da energia elétrica para reduzir os custos industriais do setor privado.

Impulsionados pelas obras ligadas à Copa de 2014, os investimentos em aeroportos estão em alta. Já os portos amargaram forte perda de recursos de 2010 para cá.

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