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Conselho de revista da Biblioteca Nacional pede desligamento

Grupo de acadêmicos declarou em carta haver interferência indevida em seu trabalho

DO RIO
DE SÃO PAULO

O conselho editorial da "Revista de História da Biblioteca Nacional", presidido pelo imortal Alberto da Costa e Silva e integrado por acadêmicos como José Murilo de Carvalho e Lilia Moritz Schwarcz, anunciou ontem sua demissão coletiva, após sete anos na função.

Em carta enviada ao presidente da FBN (Fundação Biblioteca Nacional), Galeno Amorim, os conselheiros atribuem a decisão à "intransigência" do presidente da Sabin (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional), Jean-Louis Soares, na condução da crise que atinge a revista desde o início do ano.

Os atritos começaram após a Sabin demitir, em março, o editor e conselheiro Luciano Figueiredo, "por razões administrativas internas", sem consultar o conselho.

A partir daí, iniciou-se uma briga para definir a quem caberia apontar o editor. O conselho afirmou ser sua a prerrogativa; a sociedade disse que "quem decide sobre a contratação de um funcionário é a empresa que o paga".

Galeno Amorim, presidente da FBN, tentou resolver o impasse com um edital formalizando as funções de cada parte: a sociedade iria gerir a revista, e os conselheiros cuidariam do conteúdo e da indicação do editor, sem vetos. A solução não foi bem aceita pela Sabin.

Segundo conselheiros ouvidos pela Folha, o estopim para a demissão foi uma carta enviada na semana passada por Soares ao conselho, na qual pedia sugestões para o cargo de editor da revista, indicando que a decisão caberia à Sabin. O conselho tomou a carta como uma ofensa.

"De administradora, a Sabin tornou-se a proprietária e controladora da revista", escreveram os membros.

"Só me resta lamentar a decisão de conselho de tão alto nível. Não tenho alternativa a não ser continuar a buscar um novo editor e montar um novo conselho", disse Soares.

Segundo ele, a Sabin irá contatar instituições como a Academia Brasileira de Letras, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Casa de Rui Barbosa e a própria BN para indicar membros.

"Para nós, que fizemos essa revista desde o início, é uma situação penosa", disse o conselheiro José Murilo de Carvalho. Em comunicado, a FBN afirma que "lamenta a decisão do conselho".

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