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Agnelo abre sigilo à CPI e força Perillo a copiá-lo

Dados do petista já estavam quebrados; mesmo assim ele foi aplaudido

O governador do DF negou relação com Cachoeira e disse que contrato da Delta é de administração anterior

DE BRASÍLIA

Numa jogada combinada com a base aliada, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ofereceu ontem à CPI do Cachoeira acesso aos seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. O ato forçou o outro governador no foco da CPI, Marconi Perillo (PSDB-GO), a fazer o mesmo.

"Sei que não é usual uma testemunha fazer o que vou propor agora, mas não posso conviver com desconfiança e coloco aqui, à disposição da CPI, meu sigilo bancário, fiscal e telefônico", disse, no início de um depoimento de mais de dez horas.

Agnelo foi então ovacionado por governistas e por uma claque de assessores.

Os parlamentares já sabiam que o petista agiria assim. O objetivo era fazer um contraponto a Perillo, que em seu depoimento, um dia antes, negou ceder seus dados.

Horas depois, o tucano recuou e também autorizou a abertura de seus sigilos, mas sem detalhar quais.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI, admitiu que voluntarismo calculado de Agnelo era para atingir Perillo. "Para que se aprofunde a investigação do governador de Goiás, ele [Agnelo] está tendo um tratamento isonômico", disse.

O sigilo de Agnelo, na verdade, já havia sido quebrado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), que investiga sua passagem pelo Ministério do Esporte. Os dados poderiam ser pedidos pela CPI.

As informações sigilosas dos governadores podem revelar se eles receberam dinheiro do empresário Carlinhos Cachoeira, além de mostrar se tinham renda para justificar evolução patrimonial.

Apesar das autorizações, a CPI deve votar e formalizar hoje as quebras. A oposição quer que elas alcancem um período de dez anos. Governistas defendem cinco anos.

TRANQUILIDADE

Com a CPI controlada por petistas, Agnelo depôs num ambiente mais tranquilo do que o enfrentado pelo governador tucano. Para Perillo, o relator Odair Cunha (PT-MG) fez 89 perguntas. Para Agnelo, colega de partido, dirigiu 68. Além de elogios: "Vossa excelência já deu mais do que esclarecimentos", afirmou.

Agnelo praticamente só foi questionado pela oposição. Em algumas ocasiões, deu respostas ríspidas. "Não sou corretor de imóvel para saber o preço da casa. Tenho mais o que fazer", disse, sobre uma casa que comprou no DF.

O governador não deu detalhes sobre a evolução patrimonial evidenciada com a compra do imóvel, operação registrada em 2007 por R$ 400 mil. Há suspeita de que seus ganhos declarados não permitiriam a aquisição.

Ele disse que usou recursos próprios e de sua mulher. Contradizendo o que sua assessoria afirmara, negou que tenha usado um empréstimo.

Agnelo também negou relação com Cachoeira e disse ser vítima de uma tentativa de golpe por parte do grupo do empresário. Afirmou que esteve apenas uma vez com ele, numa visita ao laboratório de Cachoeira.

Por fim, afirmou que o contrato de limpeza pública da Delta no DF foi firmado por governo anterior ao seu e mantido por ordem judicial.

(FILIPE COUTINHO, ERICH DECAT, ANDREZA MATAIS E RUBENS VALENTE)

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