Deputado diz que CPI tem 'tropa de cheque' e está 'sob suspeita'

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse ontem, em sessão na CPI do Cachoeira, que a comissão está "sob suspeita" e sugeriu a existência de uma "tropa do cheque" de parlamentares na CPI.

Cobrado a dar nomes, Miro disse que não os tinha. "Se eu tivesse um nome, não tenham dúvida, eu faria uma denúncia formal à Corregedoria da Casa. Mas um nome só pode surgir se nós ouvirmos o [Fernando] Cavendish e o [Luiz Antonio] Pagot."

Miro se insurgiu com a decisão ontem da base aliada de barrar a convocação do dono da Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot.

"Esta comissão se recusa a convocar o presidente da companhia que o governo declarou a inidoneidade. Isso é compreensível, isso revela uma tropa de cheque."

O deputado Jilmar Tatto (PT-SP), líder do PT na Câmara, reagiu: "Quando você aqui tem posição política, quando você aqui desconfia de gente que quer vir aqui para desviar o foco da CPI, fala que tem a 'bancada do cheque'. Isso é de uma irresponsabilidade muito grande."

"Perderam a vergonha! Isso é dinheiro, é 'tropa de cheque'", afirmou Miro, aos gritos e batendo na mesa.

Depois, fez requerimento para saber se parlamentares se reuniram em Paris, na Semana Santa, com Cavendish.

O deputado fez referência a uma viagem de cinco congressistas em missão oficial a Uganda. Na volta, eles jantaram num hotel em Paris. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) reconheceu e trocou cumprimentos com Cavendish.

Dois parlamentares que estiveram no encontro afirmaram à Folha que Cavendish não se sentou à mesa nem conversou com os congressistas. Nogueira disse que o encontro foi "casual".

O senador lembrou que, na época, nem existia a CPI.

Os outros parlamentares que participaram da viagem oficial à Uganda foram Iracema Portella (PP-PI), Maurício Quintella (PR-AL), Eduardo da Fonte (PP-AL), entre outros.