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Dilma não vê 'luz no fim do túnel' para crise

Presidente diz a governadores que cenário internacional deve se agravar e pede investimentos em obras de infraestrutura

Presidente diz que, apesar de crise no exterior, PIB do Brasil em 2012 vai merecer uma medalha

DE BRASÍLIA

Diante de 23 governadores, a presidente Dilma Rousseff traçou um cenário preocupante para a crise internacional ao afirmar que ela tende a "se agravar" e que ainda não há luz no fim do túnel.

"A luz no fim do túnel não está acesa. Isso tudo nós devemos à Zona do Euro e também à não recuperação dos Estados Unidos. É isso que leva o governo a aumentar as medidas para enfrentar a crise", disse a presidente.

Dilma chamou atenção para a eleição de amanhã na Grécia, que pode levar o país a deixar o euro.

"A crise é profunda e pode se aprofundar mais ainda com a eleição", afirmou ela durante a reunião no Palácio do Planalto em que anunciou uma linha de crédito de R$ 20 bilhões para investimentos nos Estados - mais uma medida para alavancar a economia brasileira.

O ministro Guido Mantega (Fazenda) falou, em tom de brincadeira e de alerta, que havia, sim, luz no fim do túnel, mas que poderia ser uma locomotiva vindo no sentido contrário devido à posição não cooperativa de bancos e países desenvolvidos.

Dilma afirmou ainda que o país não pode crescer "por soluços" e que está tomando medidas para garantir a retomada do crescimento, como a redução das taxas de juros.

Ela aproveitou para citar frase do ex-ministro Delfim Netto para tentar mostrar que, apesar da crise, o Brasil está numa posição mais favorável.

"Nós somos o último peru com farofa de Ação de Graças do mundo. Como ainda temos uma elevada taxa de juros, temos massa de manobra, que é a nossa ferramenta de enfrentamento dessa crise."

A frase, segundo governadores presentes à reunião, foi vista como um recado de que o BC irá manter os cortes dos juros, hoje em 8,5% ao ano.

'ESQUENTAMENTO'

Apesar do ritmo lento da economia brasileira, a presidente afirmou que o PIB (Produto Interno Bruto) vai merecer uma medalha neste ano.

"Você vai ver se não vai merecer [uma medalha]. Nós estamos no esquentamento", afirmou, bem-humorada, simulando levantar halteres.

Projeções de economistas indicam, contudo, que o país deve crescer menos neste ano do que em 2011.

Embora acenando com mais recursos, Dilma alertou que é hora de os Estados elevarem seus investimentos, e não os gastos de custeio.

"Não pensem que vai ter um liberou geral", afirmou.

Ela aproveitou para defender que ainda há espaço para estimular o consumo, mas reconheceu que só ele é "insuficiente" para a retomada.

(VALDO CRUZ, LORENNA RODRIGUES, NATUZA NERY, MÁRCIO FALCÃO, KELLY MATOS E FLÁVIA FOREQUE)

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