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Inadimplência tem alta e bate recorde

BC mostra que atraso em pagamento de consumidor chega a 8%, mas governo prevê redução de dívidas não quitadas

Consumidor está mais inadimplente também em linhas de crédito mais caras, como cartão de crédito

DE BRASÍLIA

Puxada pelo calote no financiamento de veículos, a inadimplência de consumidores e empresas em instituições financeiras voltou a crescer e atingiu 6% em maio, a maior da série histórica do Banco Central, iniciada em junho de 2000.

O atraso no pagamento de contas superior a 90 dias subiu também nas linhas de crédito "caras", como cartão de crédito, que tem juros de mais de 200% ao ano. Quase 30% destas operações tinham parcelas não quitadas em maio.

Desde o ano passado, o BC vem prevendo, sem sucesso, a redução do calote. A inadimplência do consumidor atingiu 8% em maio, maior patamar desde 2009 (ano da crise), e a das empresas estacionou em 4,1%.

Ontem, a autoridade monetária preferiu apontar acomodação só no final do ano.

"Acreditamos que a inadimplência cairá até dezembro de 2012", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

O economista Wermeson França, da LCA Consultores, afirma que a elevada inadimplência reflete o super endividamento no financiamento de carros de 2010.

O BC atribui os níveis elevados de calote do setor automotivo ao que considera rescaldo da "safra ruim" de crédito, no segundo semestre de 2010, quando o prazo de pagamento foi ampliado para até cinco anos.

Com os recentes estímulos à venda de veículos, o crédito para automóveis tem alta de dois dígitos nos dados parciais de junho, informou ontem a autoridade monetária.

JUROS CAEM

Como resultado da queda dos juros básicos e da pressão do governo sobre os bancos, a taxa média cobrada de pessoas físicas e jurídicas caiu 2,4 pontos percentuais no mês passado, para 30,5% ao ano, a menor da história.

"As taxas caíram com força, com o estreitamento do spread [diferença entre o custo de captação de recursos dos bancos e a taxa cobrada ao tomador]", disse Flavio Serrano, economista do Banco Espírito Santo.

Ele destacou que houve queda de novos empréstimos em categorias de juros elevados, como cheque especial e cartão de crédito, e alta em crédito pessoal, com taxas menores, com destaque para financiamento consignado em folha de pagamento.

"Maio foi um mês em que o custo do crédito esteve mais em evidência, o noticiário abordou bastante o tema", disse Maciel, do BC. "Os dados sugerem que esse cenário estimulou o consumidor a trocar o crédito mais caro pelo de menor custo, renegociando seus débitos".

(MAELI PRADO)

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