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Cachoeiragate

Perillo cobrou dinheiro de empreiteira, indica grampo

Diálogo sugere que ele pediu pagamento da Delta pouco antes de vender sua casa

Governador de Goiás nega ter vendido imóvel à construtora ou para Cachoeira, que acabou sendo comprador final

BRENO COSTA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
ANDRÉIA SADI
DO PAINEL

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), esperava receber um pagamento da empreiteira Delta poucos dias antes de acertar a venda de sua casa, que, no final, acabou sendo comprada pelo empresário Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro pela Polícia Federal.

É o que indica uma ligação interceptada pela PF no dia 27 de fevereiro de 2011 entre Cachoeira e o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu.

Falando sobre uma suposta cobrança que estaria sendo feita por Marconi Perillo, Cachoeira diz o seguinte ao seu interlocutor: "Cláudio, e aquele trem do Marconi? Marconi já falou com o Wladimir [Garcez, assessor de Cachoeira] de novo".

Cláudio Abreu, o diretor da Delta, diz então que Wladimir "deve ter conversado lá [sobre] esse negócio de R$ 2,5 milhões" com Perillo, mas que não tinha como pagar.

Cachoeira responde que o governador Perillo não queria R$ 2,5 milhões, mas só "a diferença".

Um dia depois dessa conversa, em 28 de fevereiro, Cláudio Abreu repete para Wladimir Garcez o discurso que havia feito a Cachoeira sobre a falta de dinheiro, mas diz que tentaria solucionar o problema.

No dia seguinte, três cheques foram entregues a Perillo por Garcez para comprar o imóvel. Eles totalizam R$ 1,4 milhão. À CPI do Cachoeira, Wladimir Garcez disse que pegou o dinheiro emprestado com Cláudio Abreu, o diretor da Delta.

Na conversa do dia 27 de fevereiro, não fica claro sobre o que se referia o pagamento que, aparentemente, estava sendo aguardado por Perillo.

PORTA ABERTA

Como a Folha revelou ontem, dois dias após a entrega dos cheques para Perillo, Cachoeira disse ao diretor da Delta que a compra da casa tinha sido efetivada e que a operação "abriu portas" junto ao governador.

Perillo sempre negou ter feito negócio com Cachoeira ou que soubesse da atuação de Garcez como seu representante na transação.

Na escritura do imóvel, registrada quatro meses após a entrega dos cheques, a compradora é a empresa Mestra Administração, que a CPI suspeita ter sido usada apenas para ocultar o vínculo de Cachoeira com a casa. À Receita Federal a Mestra afirmou que está inativa desde 2006.

O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que os áudios "confirmam ainda mais a versão" de que Perillo recebeu de Cachoeira pelo imóvel.

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