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Papa reconhece milagre atribuído a Nhá Chica

Decreto do Vaticano encerra processo que a torna a primeira beata negra do Brasil

DE SÃO PAULO

O papa Bento 16 assinou ontem o decreto que reconhece um milagre atribuído a brasileira Francisca Paula de Jesus, mais conhecida como Nhá Chica.

O decreto encerra o processo de beatificação, último passo antes da santificação.

A cerimônia de beatificação, que deve ocorrer no ano que vem, terá data marcada pelo bispo de Campanha (MG), dom Diamantino Prata de Carvalho.

Após a cerimônia, ela pode ser considerada oficialmente como a primeira beata negra nascida no país.

O Brasil tem cerca de 40 candidatos a santos, como beatos, veneráveis e servos de Deus. Apenas Santa Paulina, que nasceu na Itália e imigrou para o Brasil aos 10 anos, e Frei Galvão são considerados santos do país.

Para Nhá Chica ser elevada a condição de santa será preciso o reconhecimento pelo Vaticano de um segundo milagre atribuído a ela.

O milagre agora reconhecido foi a cura, sem cirurgia, de uma doença no coração. Quem teria sido curada foi a professora aposentada Ana Lúcia Meirelles Leite, 67, que mora em Caxambu (MG).

"É uma emoção muito grande, já que tudo isso acontece no dia do meu aniversário. Para mim, no meu coração, ela sempre foi santa", disse Ana Lúcia, segundo nota divulgada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

O reconhecimento do milagre era analisado desde 2007 pela Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano. Em outubro de 2011, uma comissão de médicos do Vaticano validou a cura como milagre.

Ontem, Bento 16 também assinou outros 16 decretos de beatificação.

Em um dos decretos, foram beatificados pelo Vaticano 154 mártires da Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

MÃE DOS POBRES

Nhá Chica era considerada pela Igreja Católica como serva de Deus desde 1991. No começo do ano passado, foi reconhecida como venerável.

Nascida em 1808 na cidade de São João del Rei (MG), Nhá Chica morreu em 14 de junho de 1895.

Neta de escravos, analfabeta e solteira, ela era chamada de "mãe dos pobres" por sua dedicação a caridade.

Nhá Chica nunca pertenceu a uma organização religiosa e chegou a ser considerada santa durante a sua vida, na cidade de Baependi (MG).

(DANIEL RONCAGLIA)

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