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Cachoeiragate

Relator de CPI admite chamar prefeito do PT

Odair Cunha (PT-MG) diz que Raul Filho, de Palmas (TO), deve explicar vídeo com Cachoeira mostrado no 'Fantástico'

Petista flagrado em conversa com o empresário nega ter beneficiado grupo do contraventor

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO

O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), afirmou ontem que pode convocar o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), flagrado em vídeo negociando com o contraventor Carlos Cachoeira.

Gravações exibidas ontem pelo "Fantástico", da Rede Globo, mostram o contraventor negociando o pagamento de dinheiro para a campanha do prefeito em 2004. Em troca, Raul Filho parece oferecer participação no governo ao grupo de Cachoeira.

"Palmas tem uma série de oportunidades a serem exploradas, no campo imobiliário, nos transportes. [...] Essa composição depende de vocês, em que áreas vocês querem atuar", afirma o prefeito.

Cachoeira sugere pagar um show na reta final da eleição. Raul Filho aceita. O contraventor também oferece contribuir com dinheiro.

Noutro vídeo, numa conversa entre Cachoeira e uma pessoa identificada pela polícia como assessor de Raul Filho, os dois combinam como o pagamento de R$ 150 mil e uma "aposentadoria".

"É comprometer esses R$ 150 mil e o show com coisas palpáveis. Vai acontecer o seguinte, nós vamos tentar fazer isso, certo? Porque se eu puder ter uma aposentadoria e o Raul ter uma, tudo bem", diz o suposto assessor.

Eles então negociam o pagamento: "Você trabalha em cheque?", pergunta Cachoeira. "Você não tem nem como passar com o dinheiro no raio x, você vai de avião não é?"

O assessor responde: "Eu não mexo com dinheiro de jeito nenhum. [...] Lá é o seguinte, sabe o que fazer? Passo para o Alexandre um fax de umas cinco contas pulverizadas, que não têm nada a ver com campanha. Chega lá, amanhã, não tem problema nenhum".

Segundo a reportagem, as imagens foram encontradas pela Polícia Federal na casa do ex-cunhado de Cachoeira, durante as investigações da Operação Monte Carlo.

O relator da CPI levanta a suspeita da prática de pelo menos dois crimes: caixa dois e fraude em licitações.

"É mais uma incursão da organização criminosa, isso precisa ser investigado pela comissão", disse.

Cunha afirmou, contudo, que antes da convocação será necessário realizar um "pente-fino" nos contratos da prefeitura para identificar se o grupo de Cachoeira foi beneficiado.

À Folha o prefeito Raul Filho negou ter oferecido vantagens a Carlinhos Cachoeira e disse não manter relações com o contraventor.

"Nunca mais tive contato com ele", afirmou.

O prefeito declarou que um emissário de Cachoeira tentou marcar um encontro após a eleição, "interessado em conversar sobre o Instituto de Previdência municipal", mas que se recusou a receber o grupo.

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